W. Tozer – Biografia

A CONVERSÃO DE TOZER A CRISTO
Nome: AIDEN WILSON TOZER nasceu em 21 de abril de 1897, em La Jose, uma pequenina comunidade rural na região montanhosa do oeste da Pensilvânia. Desde cedo, preferiu usar as iniciais “A. W.” aos nomes de batismo.
A vida na fazenda dos Tozer era típica para a época. Formavam uma família unida. Trabalhavam juntos, divertiam-se juntos e conheciam-se muito bem uns aos outros.
Para um jovem com a ambição de enxergar o que havia atrás das cercas e colinas da Pensilvânia, a vida rural era trabalho duro e mais maçante que entusiasmante. Tozer e sua irmã mais velha, Essie, costumavam se sentar sobre um tronco de árvore caído atrás do celeiro e planejar como fugiriam dali — não que fizessem alguma coisa em relação a isso, mas conversar e planejar parecia acalmar-lhes a mente.
SAIBA MAIS:
Quando ele era adolescente, a família se mudou da fazenda para a cidade de Akron, Ohio. Tozer não era muito empolgado com a vida na fazenda, de modo que se encheu de expectativas com a possibilidade de viver na cidade.
Seu primeiro emprego, vendendo balas, amendoins e livros na estrada de ferro Vícksburg and Pacific Railroad, não foi um começo promissor. Ele trabalhava por comissão e, como preferia se sentar e ler os livros que deveria estar vendendo, seus proventos eram insignificantes. Nutria uma paixão insaciável pela leitura e uma aversão genuína pela profissão de mascate. Vender definitivamente não era seu chamado.

Ele e Essie acabaram encontrando emprego na Goodyear. A tarefa de Tozer consistia em cortar manualmente grandes pedaços de borracha bruta em pedaços menores. Tozer trabalhava à noite e, enquanto executava sua obrigação monótona, deixava um livro de poesias na frente, que memorizava enquanto lia. Se o trabalho era entediante, ainda o era menos que na fazenda em La Jose. Lembranças da fazenda representavam uma motivação forte para Tozer se sair bem na Goodyear.

Um dia, ele voltava a pé do trabalho na fábrica de borracha para casa quando reparou em uma pequena reunião de pessoas ao longo do caminho. Um senhor lhes falava. O jovem Tozer aproximou-se para investigar, curioso acerca do que o cavalheiro estava dizendo.

O orador tinha um forte sotaque alemão, mas não demorou para Tozer perceber que ele estava pregando. Logo Tozer quis saber mais sobre ele. Esse homem não tem uma igreja na qual pregar?

Hoje nem é domingo! Por que um homem da idade dele está assim tão entusiasmado?

As seguintes palavras do pregador o surpreenderam: “Se você não sabe como ser salvo, basta clamar a Deus, dizendo: ‘Deus, tem misericórdia de mim, pecador’, e ele o ouvirá”.

Essas palavras arderam no coração de Tozer, e ele não conseguiu tirar a voz do pregador da cabeça. Retomando a volta para casa, ele refletiu muito sério no que o pregador dissera. Nunca ouvira uma mensagem como aquela. Aquelas palavras o perturbaram profundamente.

“Salvo”, ele murmurou para si mesmo. “ ‘Se você não sabe como ser salvo’, foi o que disse o pregador.” Em casa, o jovem Tozer seguiu direto para o sótão a fiin de ficar sozinho e poder pensar bem em tudo isso.

Tozer entrou no sótão um pecador condenado e saiu dali uma nova criação em Cristo Jesus. Sua conversão foi uma experiência radical, o início de uma vida nova, de um mundo novo e de uma nova perspectiva. Essa mudança o firmou na busca de Deus, e daquele momento em diante nada mais importou. Ele estava inteiramente comprometido com seguir o Senhor Jesus Cristo.

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O INÍCIO DA BUSCA
A casa dos Tozer era abarrotada de irmãos e vários pensionistas, mas ele conseguiu encontrar tempo e lugar para orar e estudar a Bíblia — um pequeno canto no porão, atrás da caldeira. Limpo o local, definiu-o como lugar para se encontrar com Deus, seu Pai celestial, com regularidade. Ali conseguia ficar a sós com Deus, orar, meditar e estudar a Palavra. Esse foi o alicerce de seu ministério iminente.

Essie costumava ouvir o irmão gemer em oração atrás da fornalha. Na primeira vez em que isso aconteceu, ela sentiu medo, até perceber que era o irmão orando e “lutando’’ com Deus.

Isso estabeleceu um padrão na vida de Tozer. Ele se afastava dos demais e buscava um local silencioso em que pudesse ficar a sós com Deus. Adquiriu o hábito de levar consigo um pequeno caderno a fim de manter um diário com suas orações e as respostas de Deus para elas. Silêncio e isolamento se tornaram muito importantes para ele.
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 Perto dali, a igreja Grace Methodist Episcopal, de que logo ele sc tornaria membro ativo, o auxiliou em sua peregrinação, embora Tozer se batizasse por imersão em uma Church of the Brethren local. A decisão de frequentar a Grace Methodist se provou feliz: foi ali que ele conheceu Ada, a futura esposa.
Ada Cecelia Pfautz, uma jovem de 15 anos recém-chegada do interior, fazia parte de um grupo que estava sendo recebido como membro da igreja. Era dever de Tozer conduzi-la até a frente no momento apropriado para a cerimônia correspondente. Ada ficou constrangida ao saber que seu acompanhante seria um rapaz de boa aparência e ainda adolescente.

“Isso é pior que um casamento”, Ada cochichou com uma amiga quando Tozer se aproximou do banco em que se encontrava. Ele não pôde deixar de ouvir o comentário, o que encabu- lou ainda mais a menina.

Após o culto matutino, a mocidade da igreja planejara um piquenique seguido de estudo bíblico e uma tarde social no salão da igreja. Tozer, que não era de deixar passar as oportunidades, convidou Ada para acompanhá-lo à reunião.
“Oh, não”, ela objetou. “Eu não podería fazer isso. Preciso voltar correndo para casa; a minha mãe está me esperando.”

“Bem”, Tozer insistiu, “há um telefone logo ali. Por que você não liga para a sua mãe e diz que um rapaz muito simpático a levará para casa mais tarde?”.
Ada riu. Os argumentos de Tozer prevaleceram. Ela ficou, e de fato ele a levou para casa naquela tarde. A bem da verdade, em pouco tempo Tozer se tornava um visitante regular na residência dos Pfautz.

Foi Kate Pfautz, mãe de Ada, quem, um ano e meio após a conversão de Tozer a Cristo, orou com ele para que fosse cheio do Espírito Santo.

“Meu rapaz”, disse a sra. Pfautz, “você precisa se ajoelhar e morrer para si mesmo antes que o Espírito Santo o encha”. Ela confirmou a declaração com instruções detalhadas e paciente perseverança. Uma noite na casa dela, Tozer se ajoelhou junto ao sofá, e Kate o acompanhou em oração. No mesmo instante, ele foi cheio com o Espírito Santo.

“Eu tinha 19 anos”, Tozer recordou, “e orava com fervor quando fui batizado com uma poderosa infusão do Espírito Santo”. Mais tarde, em um sermão, ele relatou a experiência à sua congregação.

“Sei com certeza o que Deus fez por mim e dentro de mim. Naquele momento, nada do lado de fora tinha significado importante para mim. Em desespero e fé, dei um salto para longe de tudo o que era insignificante e para junto do que mais importava: ser possuído pelo Espírito do Deus vivo.

“Qualquer obra pequenina que Deus tenha realizado por meu intermédio e por meio do meu ministério para ele remonta àquela hora em que fui cheio com o Espírito. Por isso, rogo em favor da vida espiritual do Corpo de Cristo e dos ministérios eternos do Espírito eterno por meio dos filhos de Deus, seus instrumentos.” Mais tarde, Tozer produziria ampla literatura sobre o assunto do enchimento do Espírito Santo.

"Nem no Antigo nem no Novo Testamentos, nem no testemunho cristão como encontrado nos escritos dos santos, até onde me permite o meu conhecimento, jamais um crente foi cheio com o Espírito Santo sem que soubesse que isso lhe tinha acontecido. Tampouco que não soubesse quando aconteceu. E ninguém jamais foi cheio pouco a pouco.

‘Atrás dessas três árvores, muitas almas abatidas têm tentado se esconder da presença do Senhor como fez Adão, mas elas não são esconderijos bons o suficiente: a pessoa que não sabe quando foi cheia nunca foi cheia (embora, claro, seja possível se esquecer da data). E a pessoa que espera ser cheia aos poucos jamais será cheia em absoluto.”

Que mãe não se sentiría feliz em dar as boas-vindas a um genro assim em sua família? Em 26 de abril de 1918, três anos depois que Tozer e Ada se encontraram pela primeira vez e cinco dias depois do 2is aniversário dele, Aiden Wilson Tozer e Ada Cecelia Pfautz se tornaram marido e mulher.
A essa altura, Tozer era um ativo pregador de rua também. Quase toda noite ele se encontrava envolvido com reuniões de rua. Se seus sermões não eram modelos de um inglês bem falado, ao menos ele dava início a seu ministério e adquiria valiosa experiência.

Contudo, isso não estava de acordo com o modo de pensar da Grace Methodist Episcopal. Eles não ficaram particularmente satisfeitos com a direção que Tozer estava dando à sua vida. Não que a igreja se opusesse ao evangelismo, ou a que um de seus membros se dedicasse ao ministério, mas a rua não era lugar para isso, segundo lhe disseram, e quem aspirava ao ministério deveria seguir o curso da faculdade e do seminário.

Nesse meio-tempo, Tozer conheceu alguns evangelistas que se apresentaram como membros de uma igreja próxima, a Christian and Missionary Alliance. O nome era um trava-língua, ele concluiu, mas seus membros demonstravam extremo interesse pelo evangelismo — exatamente como ele. Várias equipes da igreja ocupavam as esquinas das ruas para fazer o que Tozer e alguns amigos já faziam. Ele e a esposa decidiram visitar a igreja, onde conheceram o pastor, o reverendo Samuel M. Gerow, responsável por organizar a juventude da igreja em equipes evangelísticas que promoviam reuniões nas ruas de toda a cidade.

Na volta para casa, Tozer anunciou a Ada: “Essa é a igreja que frequentaremos de agora em diante. Gosto dela”. A questão estava decidida. Em pouco tempo, tanto Tozer quanto a esposa se tornavam participantes ativos na vida e no ministério da Christian and Missionary Alliance.

CHAMADO PARA O MINISTÉRIO
Em 1919, Tozer, sem nenhuma educação teológica formal, foi chamado para pastorear uma pequena igreja que funcionava em uma loja voltada para a rua de um centro comercial de Nutter Fort, um pequeno lugarejo situado nas colinas da Virgínia Ocidental. A partir desse início humilde, Tozer e sua jovem esposa começaram um ministério que continua a influenciar pessoas até os dias de hoje. Mais tarde, ele serviu em igrejas de Indiana e Ohio. Os Tozer levavam um estilo de vida simples com seus sete filhos — seis meninos e uma menina.

Nos primeiros dias de ministério, era difícil conseguir dinheiro. Mesmo assim, os Tozer firmaram um pacto de confiar em Deus em todas as suas necessidades. Ele dizia: “Estamos convencidos de que Deus pode enviar dinheiro a seus filhos que creem — mas é um tanto vergonhoso entusiasmar-se com o dinheiro e deixar de dar glórias a seu Doador!”.

Após vários anos de ministério na Virgínia Ocidental, o conselho da Christian and Missíonary Alliance examinou o jovem Tozervisando sua ordenação. A essa altura, ele não contava com nenhuma educação formal, muito menos com um diploma universitário. Depois de entrevistá-lo, a comissão pediu que ele saísse e discutiu seus méritos. Um pastor comentou: “Não creio que o ministério desse homem algum dia dará algum fruto”. A maioria concordava, mas um deles os convenceu a aceitá-lo para a ordenação, apesar da falta de qualificação.

Depois de servir em igrejas da Virgínia Ocidental, de Ohio e de Indiana, a próxima investida de Tozer demandou prazo mais longo. Durante trinta e um de seus quarenta e quatro anos de ministério ele adquiriu projeção como pastor da igreja Southside Alliance em Chicago, Illinois. Serviu ali de 1928 a 1959 como pastor, escritor, editor, líder denominacional e conferencista sobre temas da Bíblia. Para muita gente, foi um confiável mentor espiritual.

Ir para Chicago não fora uma tarefa fácil. Tozer desfrutava de um ministério maravilhoso em Indianapolis e relutou em partir. A igreja de Chicago era muito pequena, adorando dentro de uma garagem adaptada. Em todos os aspectos, representava m m retrocesso.

Por fim, convenceram-no a ir pregar em um domingo. <') que quer que tenha acontecido naquela semana, Tozer mudou de ideia sobre ir para Chicago. Mal sabia ele qual ministério o aguardava ali.

Um ilustrador comercial, Francis Chase, compareceu ao primeiro culto de Tozer na igreja de Chicago e disse: “Ele [Tozer] falou bem pouco, e eu não esperava grande coisa. Achei-o franzino, dono de muito cabelo preto, e com certeza estava longe de ser alguém que seguia a última moda, como se diz. Usava uma gravata preta de menos de quatro centímetros de largura. Seus sapatos eram antiquados mesmo para a época: de cano alto com abas dobradas bem para cima. Apresentei-o e deixei a plataforma. Ele não falou nada sobre se sentir contente por estar ali ou alguma outra frase padrão que se costuma dizer em tais ocasiões. Simplesmente apresentou o tema de seu sermão, que era A abadia de Westminster de Deus’, baseado no capítulo n de Hebreus”. Francis Chase se tornou amigo íntimo de Tozer no decorrer dos anos.

No período que passou em Chicago, Tozer manteve sempre uma agenda muito apertada. A fim de fugir e ter algum tempo com Deus, costumava embarcar em um trem para o oeste e viajar cerca de quatro horas. Acomodava-se em um carro-leito, o que lhe garantia privacidade durante o percurso. Nessas quatro horas a sós, ajoelhava-se diante de Deus com uma Bíblia aberta na frente. Eram tempos preciosos de intimidade com Deus. Ninguém podia interrompê-lo ou encontrá-lo.

Após quatro horas de viagem, ele pegava outro trem de volta para Chicago por mais quatro horas a sós com Deus.
Nesses períodos de oração e meditação, Tozer com frequência escrevia ensaios, editoriais e sermões. Estes se provaram alguns de seus momentos mais produtivos.

Tozer permaneceu em Chicago até 1959. A vizinhança mudara drasticamente, e a igreja precisou se transferir para os subúrbios. Ele não achava que, com sua agenda de trabalho, seus escritos e palestras, sobrava-lhe tempo para fazer justiça à igreja. Em 1959, abdicou de seu cargo em Chicago e planejou ir para a cidade de Nova York passar o resto dos seus dias escrevendo, editando e falando em conferências.

Não haveria de ser esse o caso. A liderança de uma igreja em Toronto convenceu-o a ir para lá e liderar. Ele aquiesceu, mas apenas por algum tempo e só para pregar; outros teriam de administrar a igreja. Os canadenses concordaram, e esse compromisso temporário se converteu em quatro de seus anos mais produtivos de ministério.
O último pastorado de Tozer foi na igreja de Avenue Road em Toronto, Canadá (1959-1963).

A CANETA DE UM ESCRITOR PREPARADO
Tozer sempre buscou e ministrou para os que tinham fome de Deus. No livro Em busca de Deus, ele escreveu: “Dirijo o meu apelo àqueles previamente ensinados em segredo pela sabedoria de Deus; falo aos corações sedentos cujo anseio tem sido despertado pelo toque divino em seu interior, de tal modo que dispensam qualquer prova lógica. Seu coração inquieto fornece toda prova de que necessitam".

Durante treze anos (1950 1963), Tozer atuou como editor da The Alliance Weekly, a publicação oficial da Christian and Missionary Alliance. O periódico recebeu um novo título em 1958, quando se tornou The Alliance Witness, que depois passou para Alliance Life em 1987. Sob a liderança de Tozer, a revis- l a prosperou e sua circulação dobrou.

O primeiro editorial redigido por ele estabeleceu o tom do resto de sua editoria. “Custará alguma coisa caminhar devagar no desfile das eras, enquanto pessoas entusiasmadas correm para todo lado confundindo movimento com progresso. Mas será pago no longo prazo, e o verdadeiro cristão não está muito interessado em nada menos que isso.”

The Alliance Witness, mais do que qualquer outra coisa, ajudou a estabelecer Tozer como porta-voz da igreja evangélica como um todo. Muitos assinaram a revista principalmente para ler os editoriais proféticos de Tozer, também publicados na Grã-Bretanha pela revista The Life ofFaith. H. F. Stevenson, editor de The Life of Faith, disse: “Seu [de Tozer] estudo do cenário contemporâneo era tão relevante para a Grã-Bretanha quanto para seu país, de modo que seus artigos e livros eram lidos com avidez aqui também".

O dr. Nathan Bailey, ex-presidente da Christian and Missionary Alliance, impressionou-se de igual modo com o frescor dos escritos de Tozer, declarando: “Em seus escritos, ele deixou o superficial, o óbvio e o trivial para os outros atacarem, aplicando-se ao campo do estudo e da oração que resultou em artigos e livros capazes de atingir o fundo do coração das pessoas”.

Tozer escreveu muitos livros também, todos oriundos de um coração sobre o qual havia um peso profundo. Ele tinha uma mensagem de Deus e a consciência de que ela precisava ser entregue. No prefácio a The Divirte Conquest' (agora intitulado The Pursuit ofMart), Tozer explicou: “A visão da igreja que se esvai à minha volta e a operação de um novo poder espiritual dentro de mim criaram uma pressão impossível de resistir. Se algum dia o livro atingirá ou não um grande público, ainda assim precisa ser escrito, mesmo que por não outra razão que para o alivio de um fardo insuportável sobre o coração”.

Sua última obra literária foi concluída pouco antes de sua morte e publicada postumamente vários meses depois. Intitulava-se The Christian Book ofMystical Verse e era a compilação de uma abundância de poesia mística que abençoara o coração de Tozer ao longo dos anos.

Na introdução do livro, Tozer escreveu: "O termo místico’ que aparece no título deste livro se refere à experiência espiritual pessoal, comum aos santos dos tempos bíblicos e bastante conhecida de multidões de pessoas na era pós-bíblica. Refiro- -me à mística evangélica que o evangelho tem trazido à íntima comunhão com a divindade. Sua teologia não é nada mais, nada menos que a ensinada nas Escrituras cristãs. O termo percorre a estrada elevada da verdade por onde caminharam os antigos profetas e apóstolos, e por onde, ao longo dos séculos, caminharam mártires, reformadores, puritanos, evangelistas e missionários da cruz. Difere do cristão ortodoxo comum apenas porque experimenta sua fé nas profundezas de seu ser senciente, enquanto os outros não o fazem. Existe em um mundo de realidade espiritual. Tem tranquila, profunda e às vezes quase embevecida consciência da presença de Deus em sua natureza e no mundo que o rodeia. Sua experiência religiosa é algo ele inentar, tão antigo quanto o tempo e a criação. É o contato imediato com Deus pela união com o Filho eterno. É reconhecer aquilo que transcende o conhecimento”.'

Tozer vivenciou um profundo senso de Deus a envolvê-lo em reverência e adoração. Seu único exercício diário era a prática da presença de Deus, buscando-a com toda a sua força e energia. Para ele, Jesus Cristo era um milagre diário, um assombro recorrente e uma perplexidade contínua de amor e graça.

Às vezes, enquanto orava, Raymond McAfee, um amigo de longa data, ouvia Tozer fazendo o barulho do farfalhar de folhas de papel. Depois de abrir um olho e espiar o que estava acontecendo, descobria Tozer de lápis na mão, escrevendo. Ao mesmo tempo que orava, seu amigo tivera uma ideia que queria deixar registrada.

Tozer se encontrava regularmente com a equipe da igreja para orar. Uma vez, durante uma dessas reuniões de oração, ele se prostrou no chão em uma conversa profunda com Deus. O telefone tocou. Tozer interrompeu a oração para atender. Conversou por vinte minutos com um pastor, dando-lhe todos os tipos de instruções e conselhos que ele mesmo nunca seguiu — sobre tirar folgas, sair de férias e assim por diante. A equipe se limitou a permanecer sentada, ouvindo e rindo baixinho, pois Tozer nunca tirou férias na vida. Após desligar o telefone, ele voltou à posição no chão e retomou de onde parara: “Bem, Deus, como eu estava dizendo...”.

Era um homem de oração e costumava comentar: “Como o homem ora, assim ele é”. Seu ministério inteiro fluía de fervorosa oração.

A VOZ DE UM PROFETA
Seus sermões eram poderosos, e seus livros excepcionais estabeleceram-no como um escritor devocional clássico. Além disso, Tozer tinha um programa de rádio que ia ao ar pela WMBI — a estação do Instituto Bíblico Moody em Chicago. Seu programa se chamava “Conversas do Estúdio de um Pastor”, com transmissões a partir do estúdio de Tozer na igreja Southside Alliance. Por causa do programa, ele recebia convites frequentes para ministrar em faculdades teológicas na região de Chicago, o que lhe agradava muito.

Para compreender Tozer, é preciso fixar o foco em sua vida devocional. Para ele, a doutrina correta não bastava. Como ele observou: “Pode-se ser reto como o cano de uma arma em teologia e igualmente vazio em espiritualidade”. Quando pregava e ensinava, não dava ênfase à teologia sistemática; antes, salientava a importância do relacionamento pessoal com Deus — tão pessoal e tão irresistível a ponto de cativar por inteiro a atenção da pessoa. Tozer ansiava pelo que chamava de uma “alma consciente de Deus” — um coração em chamas por Deus.

Com dedicação, Tozer convidava os evangélicos a retornarem às posições que tinham caracterizado a Igreja na época em que ela era mais fiel a Cristo e sua Palavra. Conquanto suas mensagens fossem profundas e sóbrias, ele costumava temperá-las com um maravilhoso senso de humor. Contudo, sempre teve o cuidado de manter esse humor fora dos seus livros.

Tozer amava a comunhão com Deus. Certa vez escreveu: “Descobri que Deus é cordial, generoso e de fácil convivência em todos os sentidos”. Em estilo semelhante, declarou: “O trabalho que não nasce da adoração é fútil e só pode ser madeira, feno e palha no dia em que será provada a obra de todo homem”.

Tozer amava os hinos e montou uma extensa coleção de binários antigos. Costumava usá-los na meditação e na leitura devocional. Costumava aconselhar as pessoas a providenciarem um hinário — “mas nada com menos de cem anos de idade”. Em um artigo para The Alliance Witness, ele escreveu: “Depois da Bíblia, o livro mais valioso para o cristão é um bom hinário. Que todo jovem cristão passe um ano meditando em atitude de oração só sobre os hinos de [Isaac] Watts e [Charles] Wesley e se tornará um excelente teólogo. Deixem-no então entregue a uma dieta balanceada de puritanos e místicos cristãos. Alcançará resultados mais maravilhosos do que jamais poderia ter sonhado”.

Tozer criticava o entretenimento nas igrejas, o que o tornou menos popular e dono de certa má fama entre alguns cristãos. Essa atitude derivava de sua grande consideração pela adoração, a qual ele achava que era frequentemente violada pelas tentativas de proporcionar entretenimento para o povo dc Deus. Na sua opinião, esta devia ser pura e imaculada por assuntos mundanos.

Tozer se preocupava muito com as maneiras pelas quais a mundanidade estava se intrometendo na Igreja e afetando os cristãos. Era mais crítico ainda de algumas formas de evangelismo, que lhe pareciam rebaixar os padrões defendidos pela Igreja.

PREGANDO A PALAVRA
O objetivo de Tozer ao pregar era levar o ouvinte diretamente para a presença de Deus. Para isso, tudo o que desviasse a atenção da mensagem, e principalmente de Deus, era cortado sem dó nem piedade.

Em oração, Deus colocava um peso no coração de Tozer. Depois, com o passar do tempo, ele pregava uma série de sermões relacionados com esse peso. Caso se encontrasse longe do próprio púlpito, Tozer pregava os mesmos sermões. Âs vezes o peso dado por Deus aumentava, e Tozer se curvava debaixo dele, a ponto de não conseguir encontrar alívio nem na pregação. Isso então o levava a escrever, e seu fruto acabava tomando a forma de um livro.

O método de pregação de Tozer compreendia a declaração vigorosa de princípios bíblicos, jamais se resumindo ao mero estudo vocabular, a esboços ou estatísticas inteligentes. Ouvindo seus sermões gravados ou lendo qualquer um de seus muitos livros, o observador notará a ausência de aliteração, comum em muitos pregadores. Seu estilo era a exposição simples da verdade, com a naturalidade com que uma flor se abre à luz do sol.

De acordo com Tozer, todo pregador deve desenvolver o hábito de “ler bons materiais". Ele insistia em que as pessoas voltassem para os clássicos, dizendo: “Leia alguns dos grandes autores puritanos e alguns místicos. Leia e memorize boa poesia. Note como esses autores se expressavam. Tenha consciência da palavra. Preste atenção nos termos empregados e no efeito que causam. Arranje um bom dicionário e use-o com frequência. Sempre que deparo com uma palavra com a qual não estou familiarizado, procuro-a na mesma hora e a estudo.

Com um vocabulário amplo, você consegue ser preciso no que diz. Nada substitui o emprego da palavra certa. [Gustave] Plaubert (1821-1880) costumava dizer que não existem sinônimos. Encontre a palavra certa e use-a”.

Marca registrada na pregação de Tozer era que ele sempre parecia ter a palavra certa à disposição. O salmo 104, uma meditação sobre a majestade e a providência de Deus, fazia palpitar o coração de Tozer, que pregava sempre a respeito. No fim de um desses sermões, um membro da congregação declarou: ‘‘Ele superou Davi!”.

Com relação a suas pregações, o próprio Tozer dizia: “Gosto de comparar o pregador a um artista. O artista trabalha com água, óleo, areia, pedra, ouro, vidro. Por sua vez, o pregador trabalha com uma matéria chamada espécie humana. O artista tem uma ideia de beleza abstrata e busca reproduzi-la em coisas visíveis, concretas. O pregador tem Cristo e procura torná-lo visível nas vidas humanas. O artista conta com a genialidade, ao passo que o pregador depende do Espírito Santo. O artista extrai sua inspiração de outros artistas, enquanto o pregador a extrai da oração a sós com Deus.

“As ferramentas do artista são pincéis, cinzéis, tinta. Mas as ferramentas do pregador são as palavras. Noventa e nove por cento de seu culto público dependerá do uso de palavras. O pregador, como o artista, deve dominar suas ferramentas. Precisa se empenhar e trabalhar e lutar pela maestria nessa área. A princípio, fará tentativas desajeitadas, mas, se insistir, acabará se tornando um expert”.

Em relação aos preparativos para pregar, Tozer comentou: “Muitas vezes chego aqui ao meu estúdio tão sem inspiração quanto um pedaço de telha queimada. Tenho deveres editoriais, o ministério de pregação na igreja, mais compromissos para pregar fora. Ao chegar aqui, costumo me ajoelhar junto daquele sofá velho ali com a minha Bíblia e um hinário. Leio um trecho das Escrituras, canto baixinho alguns hinos e em pouco tempo o meu coração está adorando a Deus. O Senhor começa a se manifestar a mim e a despejar conteúdo dentro da minha alma. Em pouco tempo, pego um lápis e começo a tomar nota de esboços e rascunhos de editoriais e sermões”.

É evidente que ele era um defensor da fé uma vez entregue aos santos. Certa vez Tozer fez a seguinte declaração: “Creio que tudo está errado até Deus endireitar”.

A IMPORTÂNCIA DA ADORAÇÃO
Tozer escreveu: “Adorar é sentir no coração e expressar de modo apropriado um senso humilhante, mas delicioso de deslumbramento admirado, de maravilhamento estupefato e de amor avassalador na presença do mistério mais antigo, da majestade que filósofos chamam de causa primeira, mas que nós chamamos de Pai nosso que está no céu”.

A fome de Tozer por Deus o levou a refletir nos místicos cristãos. Neles encontrou um profundo conhecimento de Deus e um amor cativante por ele que o impeliu a ir mais fundo com Deus. Tozer declarou: “Essas pessoas conhecem Deus; quero conhecer o que elas sabem sobre ele e como vieram a sabê-lo”.

Raymond McAfee foi pastor associado de Tozer, diretor de coral e líder de louvor em Chicago por quinze anos. Eles se encontravam com frequência a fim de orar e conversar. McAfee escreveu: "Em um dia do qual jamais me esquecerei, Tozer se ajoelhou junto a uma cadeira, tirou os óculos, colocou-os sobre o assento e apoiou o corpo sobre os tornozelos. Juntou as mãos, ergueu o rosto com os olhos fechados e começou: ‘O Deus, estamos diante de ti’. Bastou dizer isso para que uma torrente da presença de Deus enchesse literalmente a sala. Adoramos a Deus em êxtase silencioso, maravilhados e reverentes”.

McAfee continuou: “Nunca me esqueci daquele momento e não quero esquecê-lo. A lembrança paira na minha mente, quase com o mesmo frescor e a mesma vivacidade daquela manhã. Esse, para mim, era o dr. Tozer”.

Uma vez, em uma conferência especial na qual Tozer seria o orador principal, ele não estava presente quando o culto começou. O líder do louvor imaginou que talvez ele estivesse um pouco atrasado, mas acabaria chegando a tempo de pregar. No entanto, na hora do sermão, ninguém sabia por onde andava Tozer, de modo que um substituto precisou tomar seu lugar.

No dia seguinte, o líder do louvor cruzou com Tozer e, meio em tom de brincadeira, disse: “Acho que o senhor faltou ao seu compromisso na noite passada, não foi?”.

Sem sorrir, Tozer se limitou a responder: “Na noite passada, eu tinha um compromisso mais importante”.

Depois esse líder descobriu que Tozer ficara o dia e a noite anteriores inteiros em oração, de joelhos diante de Deus. Esse era seu comprometimento com a comunhão com o Senhor.

Tozer, claro, não era um ser humano perfeito. Quem é? A tendência para a reclusão ocasional e a agenda pesada deixavam pouco tempo para a esposa, Ada, e os filhos.

Muitos, incluindo membros de sua própria casa, não o compreendiam de verdade, menos ainda quando ele insistia em ficar só com tanta frequência. Algumas pessoas chegavam a considerá-lo um pouco estranho, mas o que os outros pensavam a seu respeito não o incomodava nem um pouco. Sua principal preocupação era a adoração a Deus, e nada mais importava para ele.

Com certeza, Tozer dançava ao som de uma música muito peculiar, mas não como um rebelde poderia fazer. Acontece que sua fidelidade era inteiramente a Jesus Cristo. A família, os amigos e até o ministério tinham de se contentar com o assento traseiro, quando se tratava de sua busca de Deus. Ele deu a um de seus ensaios o titulo “O santo deve andar só”, oferecendo-nos com isso insights importantes sobre seus pontos de vista e prioridades.

De quando em quando, ele comparecia à mesa do jantar da família, em especial depois que os filhos já tinham se retirado, e não proferia uma palavra — não porque estivesse com raiva de alguém, mas porque estava muito concentrado em Deus, recusando-se a violar essa concentração mesmo que fosse para ter comunhão com a família e os amigos em volta da mesa. À luz disso, depreende-se que Tozer não dedicava muito tempo refinando seu comportamento social.

Ele adorava se enclausurar com Deus. Cultivava a habilidade de se concentrar nele todos os dias. Agindo assim, aquietava seu coração e adorava e cultuava o Pai celestial.

Nas conferências, muitas vezes parecia preocupado com alguma coisa, o que de fato era o caso; estava meditando em algum aspecto do Deus que tanto amava. Contava às pessoas que sonhava com Deus também, de modo que seu foco em Deus permanecia até depois que ia dormir!


Tozer era generoso em compartilhar as lições que apren- ilua por meio da adoração com todos os que demonstrassem mi cresse. Tinha a firme convicção de que o ministério precisava Unir da adoração e de que toda obra que não fluía da adoração era inaceitável para Deus.
Nunca se deixou enredar em questões sociais ou políticas, embora tivesse opiniões bastante fortes em relação a várias delas. Como ministro do evangelho, contudo, entendia que sua tareia era pregaras boas-novas e levaras pessoas a Jesus. Por isso seus escritos mantêm hoje o mesmo frescor de quando foram compostos; eles apelam para as necessidades essenciais dos seres humanos, independentemente da época em que vivem.

O LEGADO DE TOZER
O legado deixado por Tozer se encontra na majestade de Deus. Seu desejo supremo era exaltar o Senhor fesus Cristo. “Se você se especializar em conhecer Deus”, ele escreveu certa vez, “e cultivar um senso da sua presença na vida diária, e fizer o que o irmão Lawrence aconselha, ou seja, ‘praticar a presença de Deus’ todos os dias e tentar conhecer o Espírito Santo nas Escrituras, você percorrerá um longo caminho servindo à sua geração por Deus. Nenhum homem tem direito de morrer até que tenha servido à própria geração”.

Muita gente, incluindo o dr. Louis L. King (presidente da Christian and Missionary Alliance), Leonard RavenhilI e o dr. Stephen F. Olford, considerou Tozer um profeta para o Corpo de Cristo. Por ser um homem de Deus tão respeitado, muitos o procuravam para lhe pedir a opinião e conselhos, inclusive alunos da Faculdade Wheaton.

Ao longo de alguns anos seguintes, a reputação e o ministério de Tozer gozaram de um crescimento constante. Muitos o convidaram para dar conferências, comparecer a acampamentos bíblicos de verão e a reuniões cristãs de todos os tipos. As pessoas iam a seu estúdio em busca de conselho — gente como o jovem evangelista Billy Graham e o político Marlc O. Hatfield — por saber que ele era um homem próximo de Deus.

Ele disse: “Anos atrás, orei para que Deus aguçasse a minha mente e me capacitasse a receber tudo o que ele queria me dizer. Então orei para que Deus ungisse a minha cabeça com o óleo do profeta para que tivesse condições de repassar tudo às pessoas. Essa única oração tem me custado muito desde aquela época, posso garantir. Nunca façam uma oração dessa, a menos que falem sério e, se quiserem ser felizes, mais uma vez, não a façam”.

Perto do fim de seu ministério, Tozer pediu orações à sua congregação. Ele disse: “Orem por mim à luz das pressões do nosso tempo. Orem para que eu não chegue simplesmente a um fim enfadonho — um velho pregador cansado, exausto, interessado apenas em sair ao encalço de um lugar para repousar. Orem para que eu me disponha a deixar que a minha experiência cristã e os meus padrões cristãos tenham algum proveito até o último suspiro!”.
O resto de sua vida e ministério provou como Deus atendeu de modo maravilhoso a essa oração.

Em 12 de maio de 1963, os trabalhos terrenos de A. W. Tozer terminaram. Sua fé na majestade de Deus se converteu em visão quando ele entrou na presença do Senhor. No funeral, sua filha Becky disse: “Não consigo sentir tristeza. Sei que papai está feliz; ele viveu em função disso a vida inteira".
Embora sua presença física tenha sido retirada de nós, Tozer continuará a ministrar aos que têm sede das coisas de Deus. Alguns se referem a ele como a “consciência do evangelicalismo”. Como tal, ele reconheceu que o cristianismo moderno navega através de denso nevoeiro espiritual e apontou para as rochas em que poderia bater caso persistisse no rumo. Sua intenção espiritual o capacitava a sentir o erro, nomeá-lo pelo que ele era e rejeitá-lo — tudo em um ato decisivo.

Tozer foi sepultado no cemitério Ellet em Akron, Ohio. Seu epitáfio apresenta uma descrição precisa de sua vida: “A. W. Tozer — um homem de Deus”.
Divulgação: www.subsidiosebd.com | Fonte: Em Busca de Deus: Minha Alma Anseia por Ti. Editado por James L. Snyder – 1ª edição de 2017 - Editora Vida

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