Lição: 1 – O que é o Movimento Pentecostal (Subsídio 1)

Subsídio para a classe de Jovens. Lição 1 – 4° trimestre de 2018 | Data da Aula: 07/10/18
Obs. Parte 1 – Acesse aqui a parte 2
Discorreremos sobre a origem veterotestamentária do nome, da celebração do povo e de como Deus utilizou-se de uma data de comemoração para cumprir a promessa do revestimento de poder anunciada por Jesus.
I - Um Panorama Bíblico do Pentecostes

1 - Pentecostes em Israel
A palavra Pentecostes refere-se a urna festa celebrada pelos israelitas 50 dias após a páscoa. No Antigo Testamento, o Senhor ordenou inicialmente três celebrações:
(1) a Festa dos Azimos, também chamada Páscoa,
(2) a Festa das Primícias, ou Tabernáculos,
(3) e a Festa das Colheitas, ou Pentecostes.

A Festa dos Azimos, também chamada Páscoa, foi iniciada ainda no Egito no tempo da escravidão. Ela foi precedida de nove pragas, nas quais Deus julgou o Egito e Faraó. O Senhor orientou Moisés a falar com Faraó para que os filhos de Abraão fossem libertos; todavia, como o monarca não quis proceder com a ordem de Deus, o Eterno mostrou seu poder trazendo transtornos na ordem natural daquela civilização, julgando também seus deuses c mostrando o quanto eram impotentes ante o Deus Vivo e Verdadeiro. Com esses sinais, o Senhor estava mostrando ao seu próprio povo que Ele era o seu Deus e que todos deviam confiar nEle. A última praga foi precedida da orientação divina de que toda família hebraica deveria sacrificar um cordeiro e marcar a ombreira da porta com o sangue daquele cordeiro sacrificado. Na noite delimitada pelo Senhor, a família deveria reunir-se e comer a carne do cordeiro e pães sem fermento e, em seguida, aguardar, pois “eu passarei pela terra do Egito esta noite e ferirei todo primogênito na terra do Egito, desde os homens até aos animais; e sobre todos os deuses do Egito farei juízo. Eu sou o Senhor” (Ex 12.12). A obediência ao que Deus ordenou preservou a vida daquelas famílias e marcou a saída dos hebreus da terra da escravidão.



Os Tabernáculos, ou Festa das Cabanas, tinha por preceito o “morar por sete dias em cabanas ou tendas e a de levar quatro espécies de plantas para a cerimônia de bênção especial” (Judaica, p. 165, Volume 7). Era o período do fim das colheitas, e as famílias deveríam construir uma cabana nas proximidades de Jerusalém. Foi numa Festa das Cabanas que Jesus foi ao templo ensinar (Jo 7.2).
Acerca das festas, Ralph Grover comenta:
Além dos sábados, havia várias festas originalmente celebradas na estação seca do ano, porque os homens tinham de viajar para o santuário central com o propósito de comemorar todos juntos. Deus prometeu que, ao fazerem isso, Ele asseguraria que suas terras jamais seriam atacadas por um inimigo (Ex 34.23). As três “festas da peregrinação” eram festivais da colheita para agradecer pela colheita da cevada, do trigo e da uva, que concluíam o ano agrícola. Elas não deveriam ser, porém, simples festas da colheita como as celebradas pelos cananeus.

Deus deliberadamente associou as festas das colheitas com os eventos religiosos, para que os judeus se lembrassem dos seus atos poderosos a favor deles, (p. 317)

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2- Motivo de Alegria
Deus orientou ao povo para que o momento da Festa de Pentecostcs fosse uma ocasião alegre. O povo de Israel não se furtava de ser festivo.
Nunca se conseguiu reprimir a vontade do povo de se alegrar e de rir. Mesmo nas épocas mais deprimentes, a alegria servia de saudável lenitivo e também de defesa contra a perseguição e o sofrimento. Era sempre um lembrete para o judeu de que a vida era intrinsecamente boa, quaisquer que fossem as atribulações, e que nunca se devia abandonar a esperança do advento de dias melhores (Enciclopédia Judaica, Vol 5, p. 290).

A Festa das Colheitas ou Pentecostes deveria ser, conforme preconiza a Lei, motivo de grande júbilo para os hebreus. Deus diz: “E te alegrarás perante o Senhor, teu Deus [...]” (Dt 16.11). Essa orientação divina incluía os filhos, os servos, os levitas, os estrangeiros, os órfãos e as viúvas que ali estivessem. A celebração ordenada por Deus deveria ser um motivo de confraternização que incluía até mesmo os que não pertenciam à família dos israelitas, devendo ser também um momento de alegria. Pentecostes não era um momento de tristeza ou de arrependimento, mas, sim, de satisfação, pois estavam num período de sega do trigo e da cevada que Deus dera a eles. A alegria residia em diversos fatos: de que, em meio a tanto trabalho, eles teriam um dia da semana para descansar das atividades; de que não eram mais escravos no Egito, pois, se antes trabalhavam para sustentar uma nação opressora, agora trabalhavam em suas próprias lavouras; e o de poder estar diante do Senhor Deus, obedecendo a sua Lei de forma tão inovadora.

Essa festa durava um dia, pois o povo estava cm plena atividade de colheita da safra de grãos. Da mesma forma, Pentecostes traz alegria em nossos dias por ser a realização de uma das promessas mais importantes de Deus para com aqueles que creem nEle.

Tais festas não representavam um fardo. Numa época em que as pessoas ficavam isoladas pela geografia e pela intensidade dos trabalhos, as festas davam oportunidade não só de deixar de trabalhar como de encontrar os amigos na presença de Deus. Os homens descobriram que essas ocasiões eram tão boas que passaram a levar as esposas com eles (1 Sm 1.9,21), e as festas se transformaram em grandes reuniões de família (Lc 2.41-44)

Os judeus, portanto, levavam a sério as comemorações ordenadas por Deus e investiam para que esses momentos fossem realmente alegres, com músicas, danças, momentos com o Senhor e comunhão com seus irmãos.

3- O Pentecostes em Atos dos Apóstolos

Voltando para o Novo Testamento e acompanhando a trajetória da narrativa de Lucas, a promessa de revestimento de poder deu-se pouco tempo depois de Jesus ter voltado aos céus. Bruce L. Shelley diz que, quando os discípulos de Jesus
retornaram à cidade santa para se juntarem aos outros peregrinos para a celebração de Pentecostes [...] Durante os festejos, 120 discípulos estavam reunidos numa casa quando algo aconteceu. De repente, o Espírito de Deus desceu sobre eles. Alguns pensavam que fosse um vento forte que invadiu a casa; outros afirmaram que uma língua de fogo brilhava sobre cada um deles. (História do Cristianismo ao alcance de todos, p. 17)

A promessa do Eterno estava sendo cumprida. Cremos que há um momento determinado por Deus para Ele realizar seu propósito. Matthew Henry comenta que Muitos séculos se interpuseram entre a promessa do Messias (até as mais recentes) e sua vinda, mas entre a promessa do Espírito e sua vinda transcorreram apenas alguns dias. Durante esse período, os apóstolos, mesmo tendo recebido ordens para pregar o evangelho a toda criatura e começando por Jerusalém, ficaram totalmente parados por falta de vento, incógnitos e escondidos, sem fazer pregações.

Somente quando o vento do Espírito veio sobre os discípulos é que eles puseram-se a obedecer a comissão dada pelo Senhor. Na verdade, eles já estavam obedecendo ao Senhor quando aguardavam em Jerusalém. O revestimento de poder prometido ainda não havia sido concedido, mas, a partir dessa concessão no dia de Pentecostes, os discípulos passaram a testemunhar de Jesus.

Aqueles discípulos já conheciam a Jesus c tinham recebido a salvação dada por Deus, mas estavam esperando o cumprimento da promessa do Pai: “Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (At 1.5). O próprio Jesus falou do batismo no Espírito Santo aos seus seguidores como uma promessa do Pai, e esse evento teve tamanha importância que chamou a atenção de outras pessoas que estavam em Jerusalém, abrindo, assim, a oportunidade para Pedro falar de Jesus e do cumprimento da profecia de Joel naquele dia em sua primeira pregação.

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II - A Promessa feita no Antigo Testamento
A Bíblia diz que o Senhor não fará nada sem avisar aos seus servos, os profetas (Am 3.7). Ao longo da história de Israel, diversos profetas foram levantados por Deus para advertirem o povo sobre seus pecados contra o Senhor, de seus pecados uns contra os outros e, também, para informar aquilo que Deus ainda faria.

1. O Contexto de Joel
Parece que Joel era um nome comum no mundo do Antigo Testamento. O filho mais velho de Samuel chamava-se Joel (1 Sm 8.2), e um homem chamado Joel foi nomeado pelo rei Davi para que fosse governador da meia tribo de Manassés (1 Cr 27.20). Um Joel supervisionava os benja- mitas cm Jerusalém no período do pós-exílio (Ne 11.9), e um lcvita de nome Joel prestou auxílio ao rei Ezequias na restauração dos serviços do Templo (2 Cr 29.12). Do profeta Joel, homem usado por Deus, temos menção do nome do seu pai. O profeta teve seu breve ministério em Judá e, talvez, tenha sido uma pessoa próxima das atividades do templo, pois é mencionado que “foi cortada a oferta de manjar e a libação da Casa do Senhor; os sacerdotes, servos do Senhor, estão entristecidos” (J1 1.9).

Para Joel, o dia do Senhor estava chegando como um julgamento aos pecadores. A profecia do servo de Deus parece indicar que o Eter no iria usar as dificuldades pelas quais o povo passaria para fazê-lo chegar mais perto dEle. Uma praga de gafanhotos destruiu a colheita de grãos de cevada e de trigo e, após isso, há uma conclamação ao jejum e à oração (1.14; 2.15). Para um povo que dependia das chuvas para terem suas colheitas em dia, uma praga de gafanhotos coloca em risco a economia e a capacidade de sobrevivência das pessoas. Com a escassez de provisão, o preço dos alimentos sobe, e, como quem plantou grãos não pode colhê-los porque os gafanhotos destruíram a safra, a economia é afetada, trazendo enormes transtornos para a sociedade. Eles não se haviam preparado para isso.

Essa não foi a primeira vez que a Bíblia mencionou uma praga de gafanhotos como uma forma de Deus punir ou julgar um povo. Nos dias de Moisés, os egípcios perderam plantações quando “o Senhor trouxe sobre a terra um vento oriental todo aquele dia e toda aquela noite; e aconteceu que pela manhã o vento oriental trouxe os gafanhotos” (Ex 10.13). Foram tantos deles que “cobriram a face de toda a terra, de modo que a terra se escureceu” (v. 15). Salomão, em sua prece a Deus, mencionou problemas como “queima de searas, ferrugem, gafanhotos e pulgão” como problemas reais em seus dias (1 Rs 8.37). Apocalipse, a revelação dada a João, menciona gafanhotos com poder de escorpião para atacar os homens, e não as árvores e plantas (Ap 9.3-5). Os gafanhotos descritos em Joel também já foram considerados como uma representação dos babilônios, medos, persas, mas não nos parece adequada essa comparação. O certo é que, após esse fenômeno, Deus chama o povo para que se converta de coração a Ele (2.12). O profeta fala que haverá fartura, pois o Senhor há de abençoar a terra.

O profeta, no entanto, também traz a comunicação da efusão do Espírito. Essa era uma bênção com um precedente no próprio Antigo Testamento. Números 11 mostra-nos que Moisés, já cansado pelas atividades de seu ministério como legislador e juiz do povo, pediu ajuda ao Senhor. Deus orientou-o a separar 70 anciãos para colocar neles o Espírito que estava sobre Moisés, e, nessa ocasião, aqueles homens profetizaram apenas uma vez. Ao que nos diz o texto, Josué, o jovem que acompanhava Moisés, ficou enciumado porque havia outras pessoas profetizando no arraial, e ele recebeu de Moisés a resposta: “Tens tu ciúmes por mim? Tomara que todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhes desse o seu Espírito!” (v. 29). Na ótica de Moisés, quanto mais pessoas cheias do Espírito, melhor.

E, na ótica de Deus, essa era uma ideia viável. Por que não derramar do seu Espírito sobre mais que 70 hebreus? Por que não ter milhares de pessoas sendo alcançadas por essa graça?

2. A Promessa Feita
Os discípulos de Jesus estavam no cenáculo reunidos debaixo de uma promessa: a de serem revestidos de poder para testemunhar. E provável que, por ocasião da vinda do Espírito Santo, eles não se tivessem lembrado da profecia de Joel de que, nos últimos dias, Deus derramaria do seu Espírito. Eles não tinham noção do tempo que levaria para que se cumprisse a promessa de Jesus, nem sabiam como ela seria cumprida. Quem poderia imaginar que, em um cenáculo, logo pela manhã, num dia de festa nacional, Deus movería seu Espírito sobre aqueles homens e mulheres limitados para torná-los aptos a falar de Jesus e agir com poder em nome dEle. “E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei o meu Espírito” (J1 2.28,29). Essa profecia mostra que, no futuro, em relação aos dias de Joel, Deus visitaria a humanidade trazendo sobre ela um derramar do seu Espírito, e esse derramar do Espírito faria com que eventos, como profecias, sonhos e visões, que eram dados aos profetas no Antigo Testamento, fossem dados de forma ampla a quem não era profeta. Joel inclui pessoas que tinham poucos direitos e eram tidos por “inferiores” em algumas sociedades: os servos. Eles também seriam contemplados pelo alcance dessa promessa divina.

3. O Alcance dessa Promessa
Deus anunciara a efusão do Espírito por meio de Joel, e, uma vez feita a promessa, chegou o momento do seu cumprimento. Ao longo das Escrituras, o Senhor fez promessas que entendemos serem condicionais. Nelas, Deus propõe-se a realizar um feito caso os homens correspondam ao que foi falado por Ele.

Exemplo claro de uma promessa condicional é quando Davi, antes de morrer, orienta a Salomão a que obedeça aos mandamentos do Senhor para que ele e a sua linhagem não desapareçam da história dos reis de Israel:

E guarda a observância do Seniiok, teu I )eus, para andares nos seus caminhos e para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na Lei de Moisés, para que prosperes em tudo quanto fizeres, para onde quer que tc voltares. Para que o Senhor confirme a palavra que falou de mim, dizendo: Se teus filhos guardarem o seu caminho, para andarem perante a minha face fielmente, com todo o seu coração e com toda a sua alma, nunca, disse, te faltará sucessor ao trono de Israel. (1 Rs 2.3,4)

Essa promessa de Deus estava realmente condicionada ao comportamento dos descendentes de Davi. Caso eles descumprissem o que Deus havia ordenado, seriam esquecidos, e Deus não se utilizaria da descendência de Davi para ter reis em Israel.
Outro exemplo de promessa condicional está em Malaquias 3.10:

Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança.

Esse texto não trata apenas do compromisso de um fiel para com os recursos que devem ser trazidos à Casa de Deus, mas também abrange igualmente a forma como Deus retribui aos que depositam a sua confiança nEle. Muitos pregadores alegam que devemos fazer prova de Deus após trazer os dízimos. O texto, porém, não diz que quem entrega o dízimo deve fazer prova de Deus, a menos que Ele, na verdade, não traga a sua bênção. Devemos, sim, fazer prova de Deus se Ele não nos abençoar, e essa é a condição.

Nessa mesma esteira, há as chamadas promessas incondicionais. Trata-se daquelas que não dependem de qualquer atitude por parte dos homens. O Senhor faz a promessa e encarrega-se de cumpri-la independentemente do que o homem tenha feito para facilitar, seja com recursos ou obediências, o mover de Deus.

O derramamento do Espírito Santo nos últimos dias não necessariamente dependia de atitudes humanas, mas somente do passar do tempo. “Nos últimos dias” é o requisito para que Deus cumpra aquilo que prenunciara por meio de Joel. Chegado o momento, Deus fez o que havia prometido. Os discípulos precisavam somente obedecer a Jesus e aguardar a promessa de Deus em Jerusalém.

Cumprida a promessa, Pedro, de imediato, não apenas reconheceu que a profecia de Joel havia-se cumprido naquele dia, como também que esse cumprimento tinha, inicialmente, dois objetivos:

(1) após a ressurreição de Jesus e sua volta aos céus, o derramar do Espírito era um sinal claro de que Deus estava revestindo os seguidores de Cristo com uma autoridade para testemunhar e que

(2) todo aquele que invocasse o nome do Senhor seria salvo. Pedro ainda deixou claro que, apesar de Jesus ter sido crucificado, Ele foi feito Cristo, o Messias: “Saiba, pois, com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo” (At 2.36). O Senhor ressurreto, o Messias, havia mandado o seu Santo Espírito como havia prometido.
 
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Fonte: O Vento sopra onde Quer. O Ensinamento bíblico do Espírito Santo e sua Operação na Vida da Igreja. Autor: Alexandre Coelho. Editora CPAD


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