Lição 11: O Sacerdócio de Cristo o Levítico


I – A LINHAGEM SACERDOTAL
A tribo de Levi foi separada por Deus para o serviço no santuário. No início, Deus selecionou os primogênitos para o servirem. Porém, mais tarde os substituiu pela tribo de Levi (Lv 3.12-13).

1. Os filhos de Levi
Levi era o terceiro filho de Jacó com sua esposa Lia. Levi teve três filhos: Gérson, Coate e Merari (Gn 46.8,11). Seus descendentes foram encarregados de cuidar do tabernáculo e de suas instalações. A família de Arão (descendente de Coate) tornou-se a família sacerdotal (Lv 3. 9). Uma vez que o filho de Coate – Anrão - era o pai de Arão, Moisés e Miriã (Nm 26.58, 59), os três pertenciam a tribo de Levi.

Todos os outros levitas auxiliavam nos serviços relacionados ao tabernáculo, mas não poderiam ocupar o ofício de sacerdote. A expressão “os sacerdotes levitas”, encontrada mais à frente no Pentateuco (Dt 18.1; 24.8; 27.9), não significa que todos os levitas eram sacerdotes; antes, quer dizer que todos os sacerdotes eram descendentes de Levi. Os levitas eram servos dos sacerdotes (Lv 3. 5-9). Apenas Arão e seus filhos (descendentes) estavam autorizados a exercer o sacerdócio (Lv 3. 10).


2. Os sumos sacerdotes
Os sumos sacerdotes antes de Davi, sete em número, foram os seguintes: Arão, Eleazar, Finéias, Eli, Aitube (1Cr 9.11; Ne 11.11; 1Sm 14.3), Aias e José. Josefo assevera que o pai de Buqui, a quem ele chamou Jose (mas que na Bíblia é chamado de Abiezer, equivalente a Abisua), foi o último sumo sacerdote da linhagem de Finéias, antes de Sadoque.

a) Arão foi o primeiro sumo sacerdote de Israel
Depois que o tabernáculo foi erigido, de acordo com os planos divinos, e que os ritos tiveram início (Êx 18; 24.12-31; 35.1 – 40.38), Arão e seus filhos foram solenemente consagrados a seus ofícios sacerdotais respectivos, por Moisés (ver Lv 8.6). Isso teve lugar por volta de 1440 A.C.

As elaboradas descrições das vestes do sumo sacerdote, que aparecem em Êx 28.3, certamente indicam um ofício distintivo, superior ao dos sacerdotes.

b) Por ocasião da morte de Arão, o ofício passou para seu filho mais velho, Eleazar (Nm 20.28). Então os descendentes de Finéias passaram a ocupar a linhagem de onde o oficio era herdado (Jz 20.28).

c) Por razões desconhecidas, o ofício sacerdotal foi entregue a Eli, que pertencia à linhagem de Itamar. Isso continuou até que Salomão mudou o sistema e nomeou Sadoque, na pessoa de quem o encargo passou novamente para os descendentes de Eleazar (1 Reis 2.26).

·                   Deveres do Ofício Sumo Sacerdotal
1. O sumo sacerdote precisava descender diretamente de Arão, o primeiro sumo sacerdote levítico.
2. Não podia ter defeitos físicos (ver Lv 21.16-23).
3. Não podia contrair matrimônio com viúva, estrangeira ou ex-meretriz, mas somente com uma virgem israelita (ver Lv 21.14). Mais tarde isso foi modificado, permitindo-lhe casar-se com a viúva de outro sacerdote, (Ver Ez 44.22).
4. Ele tinha de dedicar-se a seu trabalho, não podendo abandoná-lo nem mesmo ante a morte de um membro de sua família, como pai ou mãe. (Ver Lv 21.10-12). Parece que as calamidades públicas eram uma exceção (Joel 1.13).
5. Estava obrigado a observar regras de dieta, acima dos israelitas comuns (Lv 22.8).
6. Precisava lavar mãos e pés antes de servir (Êx 30.19-21).
7. Originalmente, ele queimava o incenso sobre o altar de ouro, como um de seus deveres; posteriormente, porém, isso ficou ao encargo de outro sacerdote. (Ver Lc 1.8,9).
8. Repetia, a cada manhã e a cada tarde, a oferta de manjares que ele oferecera no dia de sua consagração (ver o décimo nono capitulo do livro de Êxodo).
9. Cumpria-lhe efetuar as cerimônias do grande Dia da Expiação, entrando no Santo dos Santos uma vez por ano, a fim de fazer expiação pelos pecados do povo (ver o vigésimo primeiro capítulo do livro de Levítico).
10. Cumpria-lhe arrumar os pães da apresentação a cada sábado, consumindo-os no Santo Lugar (ver Lv 24.9).
11. Precisava abster-se das coisas santas se ficasse impuro por qualquer razão, ou se contraísse lepra (ver Lv 22.1-7).
12. Qualquer secado que ele cometesse teria de ser expiado por sacrifício oferecido por ele mesmo (ver Lv 4.3-13).
13. Por igual modo, oferecia sacrifício pelos pecados de ignorância do povo (ver Lv 22.12-16).
14. Cumpria-lhe proferir a validade da lepra curada (ver Lv 13.2-59).
15. Cabia-lhe certo direito legal de julgar casos (ver Dt 17.12), especialmente quando não houvesse juiz disponível.
16. Deveria estar presente quando da nomeação de algum novo governante, intercedendo subsequentemente em seu favor (Nm 27.19-20). Havia ainda outros deveres secundários que ele compartilhava com os sacerdotes inferiores.
 
II – OS SACERDOTES E OS LEVITAS

1. Os Sacerdotes
O sacerdote é um ministro autorizado para as coisas sagradas, especialmente aquele que oferece sacrifícios no altar e age como mediador entre o homem e Deus.
ü    Os sacerdotes eram ordenados a seu ofício e as suas funções mediante um elaborado ritual (Êx 29 Lv 8).
ü    Eles usavam vestimentas especiais, como sinal de seu ofício, e cada peça de seu vestuário, ao que se presume, tinha significados simbólicos (Êx 28).
ü    Os sacerdotes comuns realizavam todos os sacrifícios (Lv 1-6), cuidavam de questões sobre alimentos próprios e impróprios (Lv 13-14), e estavam encarregados de diversos outros deveres secundários (Núm. 10.10; Lv 23.24; 25.9).
ü    Eram sustentados mediante dízimos, primícias do campo, primícias dos animais e porções de vários sacrifícios (Nm 18).
ü    Os sacerdotes também eram os guardiães e mestres dos documentos e das tradições sagradas. Finalmente essa função foi transferida para os rabinos, com o desaparecimento do sacerdócio em Israel.

ü    Eles queimavam o incenso sobre o altar de ouro, no lugar santo, o que era mesmo um símbolo das funções sacerdotais. Também cuidavam das lâmpadas, acendendo-as a cada novo começo de noite, e arrumavam os pães da proposição sobre a mesa própria, a cada sábado (ver Êx 27.21; 30.7,8; Lv 24.5-8). Eles mantinham a chama sempre acesa no altar dos holocaustos (Lev. 6.9,12); limpavam as cinzas desse altar (Lv 10,11); ofereciam os sacrifícios matinais e vespertinos (Êx 29.38-44); abençoavam o povo, após os sacrifícios diários (Lv 9.22; Nm 6.23-27); aspergiam o sangue, e depositavam sobre o altar as várias porções da vítima sacrificial; sopravam as trombetas de prata e o chifre do jubileu, por ocasião de festividades especiais; inspecionavam os imundos quanto à lepra (Nm 6.22, e capítulos 13 e 14); administravam o juramento que uma mulher deveria fazer, quando acusada de adultério (Nm 5.15); eram os mestres da lei e agiam como juízes quanto às queixas do povo, tomando decisões válidas quanto aos casos apresentados (Dt. 17.8; 19.17; 31-5).

2. Os levitas
A palavra levita, utilizada para designar a tribo dos sacerdotes, ocorre 280 vezes no Antigo Testamento. Os levitas, era uma classe subsidiária que servia aos sacerdotes, não podem ser facilmente distinguidos porque Arão e seus filhos não constavam entre as tribos de Israel como uma tribo, mas foram nomeados para o serviço do Tabernáculo no deserto, especialmente no tocante à sua movimentação (Nm 1.47-53; 3.6; Dt 11.8,9).

Havia originalmente uma cuidadosa distinção entre os levitas e os sacerdotes, e isso está claramente ilustrado na rebelião de Corá, Datã e Abirão, cujas vidas e as de suas famílias foram perdidas porque como levitas procuraram usurpar o ofício do sacerdote (Nm 16.13).

Depois dessa experiência, Deus reafirmou a escolha de Arão e de seus filhos como sacerdotes entre todas as tribos, e confirmou a posição de servos dos levitas ao fazer florescer a vara de Arão, enquanto a vara dos príncipes das demais tribos permanecia estéril (Nm 17.1-18.6).

a) Funções dos Levitas.
Nos livros das Crónicas, além de exercer os seus deveres relacionados com o cuidado físico do santuário na função de porteiros, os levitas também eram músicos e tesoureiros (1 Cr 6.31,32; 9.19; 16.4,5,7; 25.17; 26.1,20; 2 Cr 8,14).


Veja uma lista das funções dos levitas: 1 Crônicas 23.3-5.

FUNÇÕES DOS LEVITAS
1- Supervisores e Administradores
2- Escribas
3- Juízes
4- Porteiros
5- Músicos



b) A idade para o serviço levítico
A idade para a prestação de serviço dos levitas variava conforme a época. Quando foram primeiramente enumerados e escolhidos, ao invés do primogênito de toda a nação de Israel “para fazer obra na tenda da congregação” (Nm 4.3,23,30,35,39,43,49), eles deveriam ter de 30 a 50 anos de idade. Na época da consagração inicial dos levitas, com a aspersão da água da purificação, a raspagem de toda a pele, a lavagem das roupas e a oferta de um novilho como oferta sacrificial para a reparação (Nm 8.5-14), a idade específica para o serviço variava entre 25 e 50 anos (Nm 8.24-26).

De acordo com Crônicas, ao final de seu regime Davi mudou a idade do início do serviço levítico para 20 anos, sem uma data para seu término (1 Cr 23.24,27;23.1-3).

c) O número de Levitas
O número de levitas relacionados para o serviço sob a coordenação de Moisés e Arão era de 8580 (Nm 4.46-48). Também de acordo com Crônicas, esse número aumentou para 38.000 ao finai do reinado de Davi, sendo que 24.000 eram trabalhadores da casa do Senhor, 6.000 eram escribas e juízes, 4.000 eram porteiros e 4.000 eram músicos (1 Cr 23.3-5).

III – A VESTIMENTA DO SUMO SACERDOTE

O capítulo 28 de Êxodo trata das vestes do sumo sacerdote e de seus filhos. Essas vestes, com suas cores, ornamentos etc., representam as glorias de Cristo, nosso Sumo Sacerdote.
O sumo sacerdote possuía dois tipos de vestes:
1) vestes coloridas cheias de ornamentos complexos;
2) vestes simples em tecido branco.

1. A estola sacerdotal (Êx 28. 6-7; também chamada “efode”) era semelhante a um avental com duas partes (frente e verso) unidas por tiras em cima.
Na parte da frente da estola, havia um peitoral que continha doze pedras preciosas, cada uma com o nome de uma tribo.

2. O cinto de obra esmerada (v. 8) passava, pela cintura pouco acima da borda da estola.
A túnica quadriculada (28.39-43) era uma veste de linho que o sumo sacerdote usava debaixo da sobrepeliz azul. Era usada juntamente com um cinto.
3. Os engastes de ouro (v. 13) eram ornamentos de filigranas que prendiam pedras preciosas às vestes.

4. Em cada ombreira, liaria uma pedra de ônix com os nomes de seis tribos de Israel (v. 9-12).

5. O peitoral era preso à estola por meio de correntes de ouro (v. 13-28). Ao utilizai' esse peitoral, o sumo sacerdote carregava sobre os ombros (representando sua força, v. 12) e coração (representando seus sentimentos, v. 29) as doze tribos de Israel diante de Deus. O peitoral também é chamado peitoral do juízo (v. 15,29-30), provavelmente por causa do Urim e Tumim, utilizados para saber os juízos do Senhor (Nm 27.21).

6. Urim e Tumim”
A expressão “Urim e Tumim” significa “luz e perfeição”. Eram pedras colocadas provavelmente sobre o peitoral do Sumo Sacerdote, representando a vontade de Deus; numa pedra, a resposta positiva, e na outra, a resposta negativa (Ed 2.63; Ne 7.65). O sumo sacerdote era o juiz do povo e fazia suas resoluções servindo-se destas pedras. Simbolizavam poder e sabedoria na tomada de decisões.

7. A sobrepeliz
A sobrepeliz era um manto azul que o sacerdote vestia por baixo da estola sacerdotal e descia até abaixo dos joelhos. A orla dessa sobrepeliz era decorada com pequenas romãs e campainhas de ouro, uma representação do testemunho e dos frutos. O sonido dessas campainhas tinha de ser ouvido quando Arão entrava ou deixava o Santo Lugar.

8. A mitra (Êx 28.36-38)
Sobre a mitra (ou turbante) o sacerdote atava uma lâmina (ou placa) de ouro contendo as palavras “Santidade do Senhor”. Essa placa deveria estar sempre risível sobre a testa de Arão. O propósito todo do sistema levítico era santificar homens e mulheres e, portanto, torná-los agradáveis ao Senhor. "Sereis santos, porque eu sou santo" (Lv 11.44, 45; 19.2; 20.7, 26; 21.8) foi uma ordem dada com frequência ao povo de Israel e repetida em 1 Pedro 1.15, 16 para os crentes de hoje.

Ø A VESTIMENTA DOS SACERDOTES:

O vestuário dos sacerdotes comuns era simples, comparado com as roupas do sumo sacerdote, mesmo que consideremos que o linho fino era um tecido suntuoso e altamente valorizado naqueles dias. Os filhos de Arão vestiam túnicas, cintos e tiaras de cor branca, para glória e ornamento (Êx 28. 40). Como roupa de baixo, utilizavam calções de linho. As vestes os cobriam da cabeça aos tornozelos, mas não havia cobertura para os pés, pois andavam sobre solo sagrado, quando ministravam ao Senhor (Êx 28. 3.5). A palavra traduzida por “consagrarás” (v. 41) significa literalmente “encher as mãos” (ou seja, encher as mãos com ofertas).

“Deus escolheu Arão, o irmão de Moisés, e seus descendentes, para servir de sacerdotes. Até este momento, Moisés era o único mediador, mas foi a família de Arão, e não a de Moisés, que foi escolhida para administrar perante Deus a favor de Israel. As vestes destes sacerdotes eram especiais e consideradas santas. Típico da pureza interior do povo de Deus, os objetos externos eram separados para propósitos santos. Estas roupas também eram para glória e ornamento. Seria incompatível e desprovido de glória o sacerdote ministrar com roupas simples e sem brilho no Tabernáculo graciosamente colorido. Deus, o Autor de tudo que é bom e bonito, deseja que seu povo seja formoso e que haja beleza nos procedimentos de adoração”. [1]

IV – O SACERDÓCIO DE CRISTO

1. Jesus, superior ao sacerdócio Levítico
Cristo é superior aos sacerdotes, e seu sacerdócio é superior ao sacerdócio deles. Jesus é Superior a Arão e à Ordem Levítica em sua Semelhança a Melquisedeque (7.1-10).
1. Jesus Cristo foi o Filho unigênito de Deus (Hb 4.14,1.5-7; 5.5; Jo 3.16).
2. Não foi um descendente dos sacerdotes terrenos (Hb 7.11-14; Mt 1.1).
3 Foi para o céu ministrar a nós (Hb 4. 14; 7.25; Rm 8.34).
4 Jesus Cristo não possuía pecado (Hb 4. 3,15).
5 Ele vive para sempre a fim de ajudar no momento de necessidade (Hb 4. 16; 7.25).
6. Não foi escolhido entre os homens ou ordenado por eles, mas enviado do céu e ordenado por Deus (Hb 5.1,5; Jo 3.16; At 10.38).
7. Ele foi perfeito (Hb 5.9).
8. Cristo é o autor da salvação eterna para todos os homens que obedecerem (Hb 5. 5.9).
9. Criou um caminho de acesso a Deus (Hb 4.14-16; 10.19-23).

O escritor de Hebreus não identifica Melquisedeque com Cristo, mas diz que ele se assemelha ao Filho de Deus’ (Hb 7. 3). Deste modo a noção de eternidade - “sacerdote para sempre” (Hb 7.3) — está apenas prefigurada em Melquisedeque, porém se cumpre em Cristo. A exposição de Hebreus 7 é para provar que Jesus Cristo é superior ao sumo sacerdote Arão, tanto que antes de Arão, aparece aquele tipo de Jesus – Melquisedeque.

2. Cristo - nosso Sumo Sacerdote
Deus só permitia que determinadas pessoas trabalhassem no Tabernáculo. Essas pessoas eram sacerdotes, descendentes de Arão (Nm 3.10) que ofereciam os sacrifícios, e os levitas, descendentes de Levi que os auxiliavam (Nm 3.5-9). Os sacerdotes, ordenados para o trabalho (Lv 8.1 - 9.24), ficavam entre o Deus santo e o povo pecador. Hoje, só Cristo é nosso Sumo Sacerdote (Hb 2.17; 3.1; 4.14 - 5.10; 10.19-23) e não precisamos de outro. Todos os cristãos, agora, são sacerdotes (1 Pe 2.4-10).

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[1] William Macdonald

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