Lição 12 - O Governo da Igreja Local (Subsídio)

OBJETIVOS
• MOSTRAR o poder de julgamento da igreja local;
• REFLETIR a respeito do poder institucional na igreja local.

I. O Poder de Julgamento da Igreja Local

Paulo propõe um modelo inovador para resoluções de litígios cristãos

O conflito faz parte da realidade constante da vida do ser humano. Esse foi o motivo da carta de Paulo aos coríntios, onde ele apresenta uma série de conflitos como: 
a) a divisão partidária dos membros da igreja (1 Co 1); 
b) o escândalo do incesto e a convivência da igreja (1 Co 5); 
c) os conflitos entre irmãos sendo submetidos aos tribunais pagãos (1 Co 6); d) a Libertinagem e a prostituição (1 Co 6); 
e) as práticas pagãs no relacionamento conjugal e sexual (1 Co 7); 
f) a possibilidade ou não de comer carnes sacrificadas aos ídolos (1 Co 8 e 10); 
g) a participação das mulheres na celebração do culto (1 Co 11); a participação da Ceia do Senhor sem solidariedade (1 Co 11); a utilização dos dons espirituais (1 Co 12 e 14); o ceticismo quanto à ressurreição (1 Co 15).
Para todos os conflitos, inclusive a submissão dos conflitos internos aos tribunais pagãos, o apóstolo apresenta uma proposta de espiritualidade e autonomia da igreja em relação ao poder imperial. Para ele, a comunidade cristã possui uma sabedoria superior à sabedoria “dos poderosos desta época, que se reduzem a nada” (1 Co 2.6, ARA).
 
Considerando o sistema ideológico e dominante greco-romano, Paulo apresenta uma forma inovadora de gestão, que é independente e exclusiva para a comunidade cristã. Segundo Ferreira, estão presentes duas propostas basilares nesse modelo:

Essa perícope (vv. 1-11) deixa entrever uma postura ultra consciente do apóstolo. Ele apostou em algo, totalmente novo. O modo de produção escravagista romano e a sociedade elitista grega não conheciam e nem tinham experiência do que Paulo sugeriu aqui. Ele propôs à comunidade de Corinto duas coisas fundamentais: a) a solidariedade do grupo; b) que a comunidade de Corinto resolvesse, autonomamente, seus assuntos internos, deixando de lado, a interferência do Estado. (FERREIRA, 2013, p. 90)

Paulo era um homem culto e sabia que, para uma sociedade como da grande metrópole corintiana, era preciso um sistema jurídico para controlar os potenciais litígios. Uma cidade com diversidade tão acentuada de classes sociais, culturais e ideológicas era uma fonte de conflitos, em especial com a crescente classe de novos ricos, principais usuários do sistema jurídico imperial.

O apóstolo, no entanto, entendia que muitos desses conflitos poderiam ser resolvidos dentro da comunidade cristã, sem interferência do Estado. Assim, Paulo reconhece a importância desse processo de julgamento romano para a sociedade secular, porém destaca que a igreja tem um papel de julgamento superior ao do estabelecido no mundo secular. Ele faz isso numa perspectiva escatológica (Dn 7.22; 1 Ts 4.16,17; Mt 19.28; Lc 22.28-30), pois afirma que a igreja vai julgar o mundo (1 Co 6.2), como também os anjos (1 Co 6.3; Jd 6; 2 Pe 2.4). E uma forma de valorizar o poder de resolução de problemas que a igreja pode exercer para resolver seus conflitos internos sem a necessidade de envolver pessoas externas a ela. Se a igreja tem essa prerrogativa futura de julgamento do mundo e dos anjos, os problemas internos gerados por rixas entre os irmãos, comum em qualquer grupo humano, poderiam muito bem ser resolvidos pelas autoridades eclesiásticas e de forma justa. Paulo não estava incentivando a comunidade a ficar totalmente isolada do mundo secular, mas, sim, que ela pudesse estar blindada das injustiças deste. Como afirma Ferreira (2013, p. 92): “estando vivendo na sociedade desigual e injusta, os cristãos precisavam criar mecanismos de sobrevivência dentro da própria comunidade na base da justiça”.
 
Paulo, com riqueza literária, utiliza da ironia ao afirmar que o mais desprezível dos membros da igreja teria melhores condições de julgamento do que os poderosos juízes romanos, uma vez que, como tementes a Deus, teriam como base de julgamento os princípios cristãos (v. 4). Ele questiona se não havia na comunidade alguém sábio o suficiente para julgar as rixas internas da comunidade (v. 5) em vez de submeter conflitos internos ao julgamento de injustos (v. 6). Por isso, ele propõe que as questões entre os irmãos fossem julgadas dentro do ideal igualitário cristão, sem favorecimentos injustos, tendo como base os princípios da fé cristã e Deus como o soberano sobre todos.

1. O poder de julgamento da igreja estava condicionado à prática da justiça

O modelo estatal continuava influenciando nos relacionamentos dentro da comunidade cristã. A resposta de Paulo foi radical, apontando para a justificação em Jesus (1 Co 6.11). A justificação é o ponto central da teologia da cruz que desfaz toda a ideologia imperial de desigualdade social, competição e endeusamento da liderança.

Se havia conflitos e rixas a serem levados a julgamento era porque alguns continuavam tirando vantagens dos próprios irmãos da comunidade. Paulo afirma, porém, que tantos os que estavam causando danos como os lesados estavam errados. Em 1 Coríntios 6.7, ele incentiva aqueles que foram lesados a sofrerem a injustiça sem buscar os recursos jurídicos, recorrendo, assim, aos ensinamentos de Cristo no Sermão do Monte (Mt 5.39s), o que também é reforçado em 1 Tessalonicenses 5.15. Quem abre mão assim de seus direitos? Em muitas situações, no entanto, o prejuízo será menor se assim proceder. Pelo menos, era essa a recomendação de Paulo para o caso específico que estava ocorrendo na comunidade de Corinto. Naquela época, os juízes ficavam às portas das cidades para julgar questões quando procurados por aqueles que se diziam lesados. Os cristãos estavam procurando esses juízes em vez de tratarem primeiramente dentro da comunidade cristã. Uma vez recorrido aos tribunais da cidade, o relacionamento dos envolvidos, incluindo suas famílias, estaria comprometido. Considerando a cultura da época de como eram arranjadas as famílias, um percentual significativo da igreja poderia envolver-se, e o prejuízo para o Reino seria grande. Então, Paulo volta-se para os defraudadores dos irmãos e adverte o comprometimento da vida eterna com Deus devido às injustiças praticadas.

O comportamento deles não estava coerente com o novo relacionamento que o cristão deve ter com Deus e seu próximo. A reprimenda paulina é forte; ele iguala quem defrauda o irmão com os:
a) devassos;
b) idólatras;
c) adúlteros;
d) efeminados;
e) ladrões;
f) avarentos;
g) bêbados;
h) maldizentes (vv. 9,10); todos, portanto, debaixo da mesma condenação. Em 1 Coríntios 6.1, o termo “injusto” é empregado para referir se aos juízes dos tribunais romanos. Já em 1 Coríntios 6.9, o mesmo termo é empregado aos próprios cristãos que cometem injustiça, sendo, desse modo, colocados em pé de igualdade. Assim, aquele que procede da maneira dos juízes injustos também não tem condições de julgar dentro da comunidade. Se não suportar pacientemente a injustiça de irmãos é considerada uma atitude errada para um cristão, quão pior é praticar a injustiça; por isso, o teor da reprimenda do apóstolo.

Todos os pecados citados por Paulo certamente fizeram parte do estilo de vida anterior de um ou outro membro da comunidade de Corinto. Logo, o apóstolo incita os seus ouvintes a reconhecer a graça divina a seu favor, que os havia resgatado de uma vida de miséria espiritual por meio do perdão de seus pecados. Uma vez justificados, eles não deviam submeter-se a uma nova condenação. Uma vez santificados, não deviam contaminar-se novamente com o pecado. Uma vez lavados, não deviam sujar-se com as imundícias da carne. O texto não fala quais eram os litígios que os irmãos estavam levando aos tribunais romanos, mas é possível que fossem questões irrelevantes e sem maiores implicações pessoais, inclusive com base nos novos princípios recebidos pelo cristianismo. Consequentemente, as pessoas mais indicadas para resolver esses conflitos seriam os próprios líderes da comunidade. Mas e se mesmo assim as partes envolvidas não entrassem em acordo? Seguramente, os conflitos judiciais seriam inevitáveis. E hoje, quais questões deveriam ser tratadas nas igrejas? A igreja está estruturada para tratar dos assuntos internos? São questionamentos que ficam para a reflexão. Embora haja questões que, por lei, têm que ser submetidas às autoridades legais, outras podem ser tratadas por líderes cristãos qualificados na igreja.

II. Advertências sobre o Uso do Poder na Igreja Local


Para abordar o tema do uso do poder local, será analisado o texto da Primeira Epístola de Pedro, que foi enviada a outra comunidade cristã. Os destinatários da epístola viviam numa situação de pobreza e marginalidade social, além das perseguições dos romanos, judeus e comunidade local. Por isso, Paulo recomenda aos líderes locais um tratamento amoroso e justo de seus membros.

1. Os destinatários da Primeira Epístola de Pedro

A epístola foi destinada aos estrangeiros espalhados pelas regiões da província romana da Ásia Menor: Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia (região ocidental da Ásia Menor) e Bitínia (1.1; 2.11), região do oriente da província onde a urbanização promovida pelos romanos não teve o mesmo êxito do que outras grandes cidades como Éfeso, Colossenses, Gaiatas, entre outras. A população concentrava-se na zona rural ou em vilarejos — portanto, pequenos povoados. Além disso, eram estrangeiros, uma condição de não cidadãos naquela sociedade, uma posição não privilegiada entre os habitantes (1.17). Nogueira (2012, p.23) afirma que o termo grego utilizado para designar peregrinos e forasteiros é paroikoi, que significa “estrangeiros que tinham adquirido o direito de residência, mas que ainda não desfrutavam do direito da cidadania. [...] Entre os direitos de que eram excluídos, contam voto, posse da terra, casamento com cidadãos, herança e transferência de bens”. Em 1 Pedro 2.11, ainda temos a expressão grega parepidemoi, uma minoria formada por estrangeiros que nem sequer tinham o direito de permanecer no país. Já em 1 Pedro 2.13-17, há uma referência a escravos domésticos (oiketai) e, como não existe menção a senhores, pode-se sugerir que não havia pessoas ricas na comunidade. Portanto, uma situação de pobreza e marginalidade social.
 
Os judeus da diáspora espalhados pelo mundo, que foram escolhidos como povo exclusivo segundo a presciência de Deus Pai (At 7.6; 13.17; 1 Pe 1.1,2) e resgatados pelo sangue de Cristo, sendo, portanto, novas criaturas (1.18-23) assumem a condição de pobres e estrangeiros, mas dão um novo sentido, a saber, de herdeiros de uma herança que nem dinheiro ou bens nenhuns podem comprar. Eles são agentes de libertação, e, diferentemente do antigo concerto de sacerdócio centralizado, todos são sacerdotes (2.5-10). São desprezados pelo poder imperial, porém integrantes do povo do Deus Todo-poderoso.

Como se não bastasse a condição social da comunidade cristã nessas regiões, eles também enfrentavam perseguições. Os cristãos eram perseguidos pelos romanos, que os consideravam como povo de desprezível superstição e pervertores da moral e da ordem romana. Depois, ainda tinha a perseguição das lideranças judaicas, que perseguiam os cristãos por motivos religiosos e políticos. Os cristãos não se submetiam a algumas práticas judaicas e nem às práticas romanas. Por um longo período, os romanos classificavam os cristãos como uma ramificação do judaísmo. Por isso, os judeus, em algumas situações, para manterem a boa relação de poder e política com os romanos, denunciavam os cristãos às autoridades romanas (At 13.45-52; 14.2; 17.6,7). O terceiro tipo de perseguição era da própria população local das províncias, quer por motivos sociais (grande maioria de pobres) ou pela diferença de práticas religiosas e políticas. Nogueira (2012, p. 33) afirma: “Só Roma tinha autoridade e poder para executar e prender. Mas nem sempre era Roma que iniciava um processo de perseguição”.

Os destinatários da carta recebem a orientação de praticarem o bem a todos, pois, se os opositores falassem mal deles ou os perseguissem, veriam suas boas obras. Assim, o sofrimento deles não seria em vão, pois estavam dentro da vontade de Deus (1 Pe 2.12; 3.13-17). Era comum aos cristãos serem caluniados injustamente (1 Pe 4.12,15,16; 5.9), e o principal motivo das infamações era o estilo de vida separado da sociedade (1 Pe 4.3,4). Desse modo, a maioria das perseguições sobre os destinatários da epístola era difamatória. No entanto, em uma carta escrita cerca de 110 d.C. por Plínio (responsável por reorganizar a província da Bitínia) ao imperador Trajano, é mencionado que os cristãos que não adoravam a imagem do imperador ou dos deuses e não blasfemassem a Cristo eram executados. Este é o “fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos” (1 Pe 4.12, ARA).

Portanto, os destinatários da Primeira Epístola de Pedro eram marginalizados e, em sua maioria, estrangeiros residentes de baixa condição social, destituídos dos direitos de cidadania e sem poderem participar da vida pública. A fé cristã era considerada supersticiosa e prejudicial ao sistema romano. Além disso, os membros da comunidade eram caluniados e discriminados pela sociedade local e, nos momentos de perseguição, eram entregues aos romanos, que tinham poder para prender e matar. Era um grupo que vivia debaixo de grande opressão e sofrimento, cuja esperança estava em Deus e no Crucificado, cuja resignação ao sofrimento eles tinham por modelo (1 Pe 2.19-25). Tudo isso é tido pelo autor como motivo de alegria por estarem participando dos sofrimentos de Cristo (1 Pe 4.13).

2. O sofrimento imposto pelo poder imperial como tema principal da epístola

O problema do sofrimento é o tema central da epístola. Ao conhecer os destinatários da epístola, já foi evidenciado como a comunidade cristã, receptora do escrito, espalhada pelas cinco províncias da Ásia Menor, era marginalizada e sofria por identificar-se com a fé cristã. A epístola tem o propósito de encorajar os destinatários a manterem a fé mesmo diante das adversidades e perseguições. A referência era o sofrimento de Cristo, mas a caminhada não seria em vão. Inclusive, os escravos são exortados a submeterem-se aos seus senhores, mesmo os maus (1 Pe 2.18).
 
Para muitos, parece uma loucura ou uma vida fanática. Muitas palavras e orientações da epístola são difíceis de ouvir, principalmente por alguém do século XXI, época em que a defesa dos direitos humanos tem avançado nas discussões entre as principais nações do mundo. Como explicar uma comunidade que sofre as piores humilhações e perseguições, vivendo praticamente uma vida de miséria social, receber de bom grado uma orientação para alegrarem-se? Como se animar “simplesmente” com a afirmação de que a vida que estavam levando fazia deles participantes dos sofrimentos de Cristo?

A comunidade é incentivada a manter sua fidelidade a um Crucificado com base na promessa de que todos teriam uma vida eterna com Deus. Para reforçar a fé e a perseverança da comunidade, a epístola evoca a memória e a tradição do apóstolo Pedro, coluna da Igreja Primitiva, que, por ciúme e inveja de seus adversários, foi perseguido, porém sustentou o seu combate pela fé até à morte para alcançar o lugar da glória prometido por Jesus. Pedro foi como um exemplo de paciência durante a submissão a um sofrimento imposto de forma injusta. Ele foi uma pessoa que experimentou o mesmo destino de Cristo: o sofrimento por martírio. Afinal, ele foi “testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar” (1 Pe 5.1). O sofrimento é visto como uma virtude, uma demonstração de perseverança e fé cristã.

O exemplo de Pedro é fortalecido por um exemplo superior, o de Jesus. E inspirado no texto de Isaías 53, conhecido como o cântico do “servo sofredor” e relido no Novo Testamento como referência ao sofrimento de Cristo. O autor, em 1 Pedro 2.21-25, fundamenta a fidelidade mesmo no momento de adversidade, diante do sofrimento injusto imposto pelo poder imperial e seus aliados. Ele afirma que Jesus sofreu injustamente pela comunidade e deixou o exemplo a ser seguido. Ele não havia cometido pecado algum e falava a verdade e, mesmo assim, foi condenado injustamente sem ameaçar ou revidar, confiando naquEle que julga com justiça. Jesus sofreu injustamente por amor à humanidade para que pessoas fossem libertas e seguissem seu exemplo, influenciando para que outras pessoas também pudessem ser vivificadas.

3. Advertência contra o abuso do poder eclesiástico

Diante de tantos sofrimentos e discriminação, os cristãos veem na igreja um lugar em que podiam sentir-se em família, entre irmãos e irmãs, nascidos de novo (1 Pe 1.23) e filhos de um mesmo Pai (1 Pe 1.14,17), ou seja, filhos de Deus e irmãos uns dos outros, participantes do povo de Deus (1 Pe 2.10) e abrigados na casa de Deus (1 Pe 4.17). Em uma situação de crise e pobreza, eles são advertidos à oração e a uma vida de comunhão e amor mútuos, além da hospitalidade para com a comunidade de peregrinos e estrangeiros e o serviço voluntário uns aos outros para que Deus fosse glorificado por meio de suas vidas (1 Pe 4.7-11). Era uma forma de distribuição de poder compartilhado, um sacerdócio comum (1 Pe 2.9), onde cada membro da comunidade era um administrador da graça de Deus (1 Pe 4.10). Na sociedade secular, eles não tinham praticamente nenhum poder ou direito, mas, na comunidade cristã, eles exercem a cidadania celeste e distribuem o poder. Assim, a comunidade cristã anuncia o Reino de Deus, onde todos numa sociedade são iguais e da mesma família. A epístola incentiva a vida comunitária, onde um grupo sofrido e discriminado une-se, soma forças, oferece apoio a cada membro, vive sem a imposição exploratória e desumana do poder, que era o modelo do império romano e predominava na sociedade secular. Um ambiente de alento e segurança, em um ambiente em que estar presente era motivo de alegria e satisfação, bem diferente do ambiente externo.

Todavia, a Segunda Epístola de Pedro mostra que essa realidade não perdurou por muito tempo e apresenta um ambiente bem diferente de disputa por espaço e poder representativo entre a liderança, e é daí que surgem os vários temas de conflito (político, econômico, geopolítico, teológico, cultural, gênero, entre outros). Uma das grandes preciosidades da Bíblia é a exposição da realidade vivida pelas comunidades e pelos autores e não somente as concordâncias com a doutrina e comportamento esperado dos cristãos. Ela também mostra os comportamentos imorais e desprezíveis como forma de alerta e advertência para que os cristãos não sigam esse exemplo. Na Segunda Epístola, a comunidade passa a ser vítima de falsos mestres, avarentos e propagadores de fábulas complicadas, heresias e do ceticismo quanto à volta de Jesus (1,15-19; 2.1-3; 3,1-4), além da preocupação com o crescimento de um espírito de anarquia (antinomianismo — lei moral não é obrigatória aos cristãos), o desprezo pelos anjos e as divergências sobre escatologia (2.10-22). Fora isso, ainda havia o abandono da fé por alguns membros ainda ativos na comunidade.

A admoestação de 1 Pedro 5.1-4 não deixa claro se o comportamento reprimido já ocorria na comunidade ou era um alerta para o futuro. Provavelmente, o comportamento reprovado pelo apóstolo já acontecia. Os líderes são advertidos a apascentar o rebanho de Deus com cuidado, sem autoritarismo e nem por avareza para alcançar a glória que se há de revelar aos salvos. Na estrutura da igreja, são colocados líderes que se destacam na comunidade, que era sofrida e estava passando por várias tribulações, não para aumentar a exploração e a opressão, mas para serem administradores da graça de Deus sobre a família cristã, amparar e oferecer refrigério para tanto sofrimento. No entanto, infelizmente, num ambiente de opressão e dominação como era o sistema greco-romano, existe a tendência de produzir seres ambíguos que, enquanto oprimidos e subjugados, veem na figura do opressor uma figura a ser conquistada, uma posição almejada.

“Estes, no exercício do poder, serão influenciados por essa ambiguidade em suas ações e atitudes” (NEVES, 2013, p. 59). Na primeira oportunidade, reproduzem as práticas de seus opressores. Lamentavelmente, muitas pessoas que alcançam posição de poder na vida secular veem a igreja como uma possibilidade de ascensão por diversos motivos. Quando alcançam seu intento, tratam os membros da congregação de forma autoritária com o objetivo de tirar vantagens. Estes não serão tomados por inocentes no Dia do Julgamento, quer na vida presente ou no fim dos tempos.

Para um cristão, é muito mais difícil aceitar a exploração interna, já que é pior do que a externa. Por isso, a recomendação do autor aos jovens é para que se humilhem diante de Deus, confiem no poder do seu amor e entreguem nas mãos dEle todas as suas preocupações, pois Ele cuida dos seus (1 Pe 5.5,6). A comunidade cristã sempre passou por perseguições e humilhações; todavia, nossa prioridade deve ser a nossa salvação.

FonteCobiça e Orgulho – Combatendo o desejo da carne, o desejo dos olhos e a soberba da vida. Editora CPAD | Autor: Pr. Natalino das Neves.
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