Classe: Jovens |
Trimestre: 3° de 2019 | Revista: Professor | Fonte: Lições Bíblicas de Jovens,
CPAD
TEXTO DO DIA
"Antes,
santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados
para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da
esperança que há em vós." (1 Pe 3.15)
SÍNTESE
Diante
das injustas perseguições, os cristãos devem se preparar para dar a razão da
esperança cristã.
AGENDA DE LEITURA
SEGUNDA - Gn
3.12-17: Sofrimento, consequência da liberdade mal utilizada
TERÇA - Lc
21.12-17: Jesus diz que os cristãos serão odiados e perseguidos
QUARTA - 2
Tm 2.3: Sofre as aflições como bom soldado
QUINTA - Rm
8.22: A criação sofre
SEXTA - Jo
16.33: No mundo tereis aflições
SÁBADO
-
1 Co 15.35-58: Esperando a plena glorificação
OBJETIVOS
I
- DESCREVER as qualidade da vida cristã;
II
- REFLETIR acerca da questão do sofrimento;
III
- SABER como defender a razão da esperança cristã.
Interação
Em todas as direções que olhamos, presenciamos dor e sofrimento.
Apesar do avanço da ciência e das inúmeras comodidades inventadas pelo homem
nos últimos séculos, trazendo melhores condições de vida, a dor física e
emocional permanece como uma realidade perturbadora para o ser humano.
Diariamente, a mídia noticia uma série de acontecimentos trágicos, violência,
assassinatos, acidentes de trânsito, doenças e muitos outros eventos dolorosos.
Como o cristão se porta diante do sofrimento?
Sabendo que o sofrimento tem uma origem espiritual, decorrente da Queda
no Éden, e que será aniquilado somente no fim de todas as coisas, o cristão usa
a esperança, a fé, o consolo de Deus e o amparo dos irmãos para passar pelas
tribulações nesta terra.
Orientação Pedagógica
Prezado (a) professor (a), o sofrimento do cristão é um dos
temas centrais da Epístola petrina. Este assunto, como sabemos, é um tema
delicado e complexo, pois envolve profundas questões teológicas, filosóficas e
emocionais. Nesta lição, como forma de preparar o caminho para a lição
seguinte, é interessante entender o contexto mais amplo, proporcionando aos
seus alunos uma reflexão teológica sobre o "problema do mal" no nível
intelectual. O propósito é munir os seus alunos com fortes argumentos
apologéticos, para que a fé e a esperança deles estejam bem alicerçadas.
Contudo, como escreveu Josh McDowell "os jovens cristãos de hoje precisam
muito mais do que uma postura estritamente modernista, que apela para o
intelecto. Precisam muito mais do que o ponto de vista pós-moderno, que rejeita
a verdade e exalta a experiência pessoal" (Razões para Crer, CPAD, p. 33).
Eles precisam ser ajudados a entender que o Evangelho é verdadeiro, mas também
é significativo e relevante para a vida. Assim, para esta lição, recomenda-se a
leitura dos capítulos 1 e 16 do livro Razões para Crer: Argumentos a Favor da
Fé Cristã.

Texto bíblico
1 Pedro 3.8-17; 4.1,2
1
Pedro 3
8
E, finalmente, sede todos de um
mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos
e afáveis,
9
não tornando mal por mal ou injúria
por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, sabendo que para isto fostes
chamados, para que, por herança, alcanceis a bênção.
10
Porque quem quer amar a vida e ver os
dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano;
11
aparte-se do mal e faça o bem; busque
a paz e siga-a.
12
Porque os olhos do Senhor estão sobre
os justos, e os seus ouvidos, atentos às suas orações; mas o rosto do Senhor é
contra os que fazem males.
13
E qual é aquele que vos fará mal, se
fordes zelosos do bem?
14
Mas também, se padecerdes por amor da
justiça, sois bem-aventurados. E não temais com medo deles, nem vos turbeis;
15
antes, santificai a Cristo, como
Senhor, em vosso coração; e estai sempre preparados para responder com mansidão
e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós,
16
tendo uma boa consciência, para que,
naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores, fiquem confundidos os que
blasfemam do vosso bom procedimento em Cristo,
17
porque melhor é que padeçais fazendo
o bem (se a vontade de Deus assim o quer) do que fazendo o mal.
1
Pedro 4
1
Ora, pois, já que Cristo padeceu
por nós na carne, armai-vos também vós com este pensamento: que aquele que
padeceu na carne já cessou do pecado,
2
para que, no tempo que vos resta na
carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a
vontade de Deus.
INTRODUÇÃO
A
questão do sofrimento é tão antiga quanto a história da humanidade. "Por
que sofremos?" é uma pergunta perturbadora, que leva o homem a questionar
vários aspectos da vida, inclusive a existência de Deus. Nesta lição, veremos
que a conduta reta e virtuosa, apesar de prevenir uma série de infortúnios, não
isenta o cristão do sofrimento.
I - AS QUALIDADES DA VIDA CRISTÃ
1.
Unidade cristã.
Tendo
direcionado uma série de conselhos para grupos específicos dentro da igreja
(cidadãos, servos, esposas e esposos), agora Pedro se volta para os crentes em
geral. A palavra "finalmente", empregada no versículo 8, indica a
conclusão não da carta, mas do raciocínio que acabara de empregar, apresentando
uma síntese das implicações da submissão no relacionamento entre os crentes.
Podemos perceber que o apóstolo está reunindo em poucas palavras as qualidades
morais e espirituais da vida cristã, a começar pela unidade. Recomenda que os
crentes tenham "um mesmo sentimento", ou seja, seu propósito é que os
cristão vivam em harmonia e união uns com os outros (Ef 4.3; Fp 2.2). A
metáfora do corpo usada por Paulo é elucidativa a esse respeito (Rm 12). Apesar
de cada membro possuir a sua individualidade, quanto à forma de operar,
formamos um só corpo em Cristo. Cada parte é diferente em si, mas o corpo só
funciona adequadamente se houver cooperação e relacionamento harmonioso entre
todos.
2.
Simpatia e perdão.
Outra
qualidade do comportamento genuinamente cristão é a simpatia. A palavra grega
sympathês traduzida nesta passagem por compassivos tem o sentido de colocar-se
no lugar do outro. Ser simpático, portanto, é muito mais que ser cordial e atencioso;
consiste numa virtude que expressa solidariedade e compaixão pelo próximo.
Virtude esta que deve ser seguida da prática do amor fraternal, com os corações
cheios de misericórdia e humildade. Ao encorajar, no verso 9, que os crentes
não tornem o mal por mal ou injúria por injúria, Pedro realça outra qualidade
cristã: o perdão. A característica do cristão é perdoar a outros da mesma forma
que foi perdoado (Ef 4.32). Somente com o amor depositado em nossos corações,
deixamos de revidar e de retribuir com a mesma moeda a ofensa recebida. A frase
"não levo desaforo para casa", não deveria encontrar espaço no
vocabulário cristão.
3.
Guardando a língua.
Pedro
recorre à citação do Salmo 34.12-15 com o propósito de acrescentar à sua lista
de virtudes o cuidado com a língua: "Porque quem quer amar a vida e ver os
dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano"
(v.10). Encontramos aqui um verdadeiro princípio de sabedoria para a vida, pois
quem guarda a sua boca e fala somente o necessário evita muitos dissabores e
sofrimentos (Pv 12.13; 21.23). De forma contundente, Tiago advertiu que aquele
que se considera religioso, mas não consegue conter a sua língua, engana-se a
si mesmo; e a sua espiritualidade não tem valor algum (Tg 1.26).
II - A QUESTÃO DO SOFRIMENTO
1.
O sofrimento do justo.
Apesar
de elencar uma série de qualidades para a conduta do cristão, o apóstolo Pedro
sabe que isso não é suficiente para isentar os justos das provas e perseguições
na vida. Ora, tomar decisões adequadas e viver piedosamente ajuda a prevenir
muitos dissabores, mas ainda assim o sofrimento é inevitável. Eis o motivo pelo
qual Pedro indaga: "E qual é aquele que vós fará mal, se fordes zelosos do
bem?" (v. 13). Trata-se de uma pergunta retórica, a fim de enfatizar a
importância de uma postura de zelo pelas coisas corretas. Afinal, espera-se que
os justos sejam recompensados enquanto os desordeiros e irresponsáveis recebam
a merecida punição. No entanto, vivendo em um mundo caído e de valores
invertidos, pessoas íntegras sofrem injustiças e passam por provações, enquanto
ímpios prosperam (Sl 73). Com efeito, Pedro estava preparando os crentes
daquela época para as provações que lhes sobreviriam. Em vez de se sentirem
amedrontados e alarmados com as ameaças que usualmente recebiam dos seus
perseguidores, os cristãos são encorajados a recordar que são bem-aventurados
ao padecerem por causa da justiça (v. 14). Não há nenhum louvor em sofrer
justamente pelos erros cometidos, mas há grande alegria em padecer por fazer a
coisa certa. Ao contrário do que afirmam os teólogos da prosperidade e do
triunfalismo espiritual, vida cristã não significa ausência de provações e
lutas. Basta olharmos para a galeria de heróis da fé de Hebreus 11, para
percebermos que muitos deles foram torturados até à morte, açoitados,
acorrentados, apedrejados e estiveram famintos no deserto.
2.
O problema do sofrimento.
Para
os acusadores do Cristianismo, o mal é um argumento da inexistência de Deus. Os
ateus e agnósticos, que não conseguem entender a questão do sofrimento - mas
também não oferecem qualquer resposta satisfatória, indagam: se Deus é
onipotente, por que permite que pessoas inocentes sofram? Se Ele é onisciente,
por que não intervém? O simples fato de o ser humano inquirir acerca do
sofrimento, a maldade e as injustiças do mundo, indica a natural percepção de
que algo se encontra com defeito, fora do propósito para o qual fora planejado.
Ficamos perplexos com o sofrimento porque, originariamente, a raça humana não
foi criada para sofrer. Deus é bom e Todo-Poderoso, e criou criaturas boas com
a capacidade de tomarem decisões livres. Todavia, o mau uso dessa liberdade
levou o primeiro casal e toda a humanidade à Queda (Rm 5.12).
A
desobediência no Éden, além de afastar o homem do Criador, introduziu a morte,
a angústia, a dor e toda sorte de males que provocam o sofrimento. Somente em
um mundo, onde o homem não tivesse liberdade, o sofrimento não existiria. Isso
porque, é logicamente incompatível um mundo no qual o homem possa decidir entre
o bem e o mal e ao mesmo tempo não ser afetado pelas consequências de sua
decisão. A liberdade de colocarmos a mão no fogo, por exemplo, resulta em
queimadura e dor. A completa ausência do sofrimento pressupõe a inexistência da
liberdade humana. Porém, Deus não criou robôs, e sim pessoas livres. O
sofrimento, portanto, além de ser o resultado da distorção da liberdade, é algo
que se encontra dentro da permissão de Deus, que pode ser utilizado para
ensinar e disciplinar o ser humano.
3.
Deus sabe que sofremos.
Além
de responder intelectualmente ao problema do mal presente no mundo, a fé cristã
oferece consolação na tormenta. Ainda que Deus permita o sofrimento, Ele não
fica indiferente à dor humana. A maior prova disso é que o Pai enviou seu Filho
Unigênito para sofrer pelos nossos pecados (Jo 3.16; Rm 5.8), oferecendo-se em
sacrifício no Calvário. E assim, a cruz é a maior prova de que Deus é sensível
ao nosso sofrimento. Por esse motivo, o apóstolo refere-se repetidas vezes ao
padecimento de Jesus, a fim de nos recordar de que Deus, em Cristo, morreu por
nós. Para Pedro, o mais importante não é saber a causa cósmica do sofrimento, e
sim como devemos reagir a ele. E isso começa com a compreensão de que Deus está
ao nosso lado em momentos de angústia, levando-nos a aprender com o sofrimento.
Paulo disse que devemos nos gloriar também na tribulação, sabendo que a
tribulação produz a paciência; e a paciência a experiência, e a experiência a
esperança (Rm 5.3,4).
III - A DEFESA DA NOSSA ESPERANÇA
Em
seguida (3.15), Pedro fornece um dos conselhos mais primorosos do Novo
Testamento, no qual enfatiza o segredo para o povo de Deus enfrentar a
perseguição e responder aos ataques contra a fé.
1.
Preparados para responder.
Diante
da hostilidade, a primeira e mais importante atitude do cristão é santificar a
Cristo em seu coração. Antes de qualquer coisa, Jesus deve ser consagrado e
reverenciado no interior do nosso ser, de modo a ocupar a primazia de nossa
existência. Em segundo lugar, o crente é instado a estar sempre preparado para
responder (gr. apologia) sobre a razão da sua esperança. No original, a palavra
apologia tem o sentido de discurso de defesa e justificação de algo. Assim, se
alguém lhes perguntasse por que eles se consideravam cristãos - um grupo inexpressivo
de religiosos à época, os crentes deveriam estar prontos para argumentar em
defesa da fé que professavam. Tal prontidão deveria ser permanente, não
importando o momento ou a circunstância.
2.
Apologética que é cristã.
Desde
a Igreja Primitiva, os ataques e objeções ao Cristianismo nunca cessaram. A
apologética cristã, portanto, não é responsabilidade exclusiva dos pastores e
teólogos cristãos; todo aquele que professa essa fé viva e genuína deve ser
capaz de explicar aos outros os motivos pelos quais acredita nas convicções
cristãs. Cada crente é convocado a dar razões intelectuais sobre a veracidade
do Cristianismo, demonstrando não ser a fé cristã um salto no escuro, mas uma
visão de mundo plausível e consistente com a racionalidade. Ao mesmo tempo, o
testemunho do Espírito Santo e a experiência real que sentimos em Cristo, nos
habilita a dar aos descrentes as razões pessoais da esperança que há em nós.
Antes de sabermos no que cremos, sabemos em quem cremos!
3.
Mansidão e temor.
É
importante observar que Pedro apresenta o jeito adequado de respondermos aos
descrentes: com mansidão e temor. A apologética cristã jamais deve ser usada
com altivez e em clima de beligerância. O seu propósito não é vencer debates, e
sim conduzir as pessoas ao Evangelho. Afinal, ganhar uma alma é mais valioso
que ganhar uma discussão. Mesmo que os descrentes sejam hostis em seus ataques,
o cristão defende as suas convicções com gentileza e cordialidade. Com mansidão
e reverência cativamos e conquistamos os outros, por meio de uma apologética
testemunhal.
SUBSÍDIO
"Aqueles que repudiam a crença religiosa por causa do mal
banalizam o sofrimento e a fé admirável e invejável de quem sofre, sobretudo
quando aqueles que sofrem permanecem firmes e encontram motivos de esperança em
face do sofrimento por conta da presença e bondade de Deus para com eles. É
muito mais intrigante quando as pessoas de orientação naturalista sofrem com
graça e coragem. Ao que será que atribuem sua resistência no sofrimento? Qual é
a fonte de sua força? Não é mais fácil os crentes que sofrem explicarem a fonte
de sua força de sua coragem, consolo e graça em Deus? Os céticos que
ridicularizam a crença que Deus existe e que Deus tem razões moralmente
suficientes para permitir males terríveis tacitamente zombam da fé vibrante e
autêntica dos crentes verdadeiros que experimentam males terríveis e, ainda
assim aprendem a amar e confiar em Deus ainda mais. Talvez a profundidade da
crença entre os crentes que sofrem seja um sinal indicador de uma realidade que
os não crentes ainda têm de experimentar" (GEISLER, Norman L; MEISTER,
Chad V. (eds.). Razões para Crer: Apresentando Argumentos a Favor da Fé Cristã.
1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 281).
CONCLUSÃO
A
maneira mais eficaz de demonstrarmos a razão da nossa esperança aos descrentes
e àqueles que questionam a nossa fé é mediante a nossa conduta pessoal.
Argumentos teóricos e teológicos são importantes, mas, a menos que sejam
corroborados pelo nosso testemunho de vida e no poder do Espírito, não passarão
de palavras vazias. Tal testemunho ganha ainda mais valor quando mantemos a fé
inabalável em tempos de sofrimento e perseguição.
HORA DA REVISÃO
1)
Qual o propósito de Pedro ao orientar os crentes a terem "o mesmo
sentimento"?
Seu
propósito é que os cristão vivam em harmonia e união uns com os outros.
2)
Qual é a palavra original empregada por Pedro traduzida por
"compassivos" em 1 Pe 3.8, e qual o seu sentido?
A
palavra grega sympathês traduzida por "compassivos" tem o sentido de
colocar-se no lugar do outro. Ser simpático, portanto, é muito mais que ser
cordial e atencioso; consiste numa virtude que expressa solidariedade e
compaixão pelo próximo.
3)
O fato de o ser humano inquirir acerca sofrimento, da maldade e das injustiças
do mundo indica o quê?
Indica
a natural percepção de que algo se encontra com defeito, fora do propósito para
o qual fora planejado.
4)
Qual a maior prova de que Deus não fica indiferente ao sofrimento humano?
A
maior prova disso é que o Pai enviou seu Filho Unigênito para sofrer pelos
nossos pecados.
5)
Segundo Pedro, de que forma devemos responder àqueles que indagarem a razão da
nossa esperança?
Com
mansidão e temor.