Ensino e aprendizagem: Responsabilidade recíproca

Depois do mandato do nosso Senhor Jesus Cristo à Grande Comissão (da qual eu e você fazemos parte): "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a guardar todas as coisas que vos tenho mandado; e eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém!" Mt 28. 19-20, ficou subentendido que os discípulos são ensinadores.


Independentemente dos diferentes dons concedidos pelo Supremo Mestre (Ef 4-11), a Grande Comissão deve ser homogênea na tríplice tarefa de evangelizar, discipular (ensinar) e batizar. Este tripé não é para a Igreja algo opcional, é uma ordem imperativa e compulsória. Vez por outra, quando se fala em ler para aprender, recebemos como resposta versículos isolados e retirados do seu contexto original como desculpa para não estudar; um deles, bastante popular: "... porque a letra mata, e o Espírito vivifica", 2 Co. 3.6, ao estudarmos o contexto desse versículo, descobrimos que ele não se refere ao ensino secular e muito menos teológico e sim à Lei Mosaica.

A parte "a" do versículo 20 diz, "ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado..." As "coisas" às quais o Senhor Jesus se refere, tratam de Doutrinas da Salvação, que são as mais fáceis de se entender (Glória a Deus por isso).
Porém, há algumas coisas que merecem ser analisadas antes de sairmos a discipular. Dentro dessa linha de doutrina, existem outras ramificações que formam a Soteriologia (estudo sistemático das verdades bíblicas que tratam da salvação, regeneração, justificação, adoção e santificação do ser humano com base na obra vicária de Cristo). Na atual realidade, é inviável o comissionado sair para sua missão, sem antes se preparar e obter o devido conhecimento do plano de salvação estipulado por Deus desde a queda do homem.

Alguns se aproveitam do que Jesus disse em Mateus 10.19, "Mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como, ou o que haveis de falar, porque, naquela mesma hora, vos será ministrado o que haveis de dizer". Utilizam-se desta passagem como pretexto para não examinar sistematicamente a Palavra do Senhor e demais obras congêneres, as quais nós utilizamos para lançar luz em palavras obscuras. O próprio apóstolo Paulo tinha suas fontes de consulta para um maior domínio da Palavra de Deus: "Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos" (2Tm 4.13).

Nós só podemos recordar o que um dia já vimos. Lembre-se do que diz Isaías, "O Senhor Jeová me deu uma língua erudita para que eu saiba dizer, a seu tempo uma boa palavra ao que está cansado. Ele desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido para que ouça como aqueles que aprendem" (Is 50.4).

Os apóstolos Pedro e João eram considerados pelo Sinédrio como "homens sem letras e indoutos", At 4.13, porém o Espírito Santo ministrou o que eles deveriam dizer. Os argumentos usados por eles, foram todos com base nos ensinamentos que outrora ouviram do Mestre, (At 4.11) ou seja, os apóstolos disseram aquilo que já sabiam. O Espírito Santo neste caso, apenas orientou-os o que dizer e a que hora falar.
Eu creio que o Espírito Santo possa intervir e ajudar-nos a discursar qualquer assunto sem que tenhamos conhecimento do mesmo, todavia, este será um caso excepcional onde nossa capacidade de conhecimento foi inatingível.

Em suma, valer-se desse versículo como escusa para não estudar, é equiparar-se ao sacerdote de Oséias 4.6.

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Como membros da Grande Comissão é nossa responsabilidade estudarmos a Palavra de Deus para ensinarmos corretamente e não sermos envergonhados quando saímos para executar nossa missão.

Ainda no âmbito educacional, vemos de modo explícito a Palavra de Deus afirmar que existe o dom exclusivo do magistério cristão, (1 Co 12.28 e Ef 4.11). Esta atividade independe do nosso compromisso com a Grande Comissão. Ele é singular.
E um dom sobrenatural quanto à interpretação e aplicação das Escrituras Sagradas, constituindo-se numa ação direta do Espírito Santo sobre o que ensina, abrindo-lhe as faculdades mentais para que compreenda os arcanos divinos e assim aplique-os à vida da Igreja de Cristo.
Alguém menos avisado poderá rapidamente pensar que com a definição acima nada tenha a fazer senão abrir a Bíblia e a esmo disparar a falar. Não! Tal como a aprendizagem, semelhantemente é o ensino, ambos são evolutivos (Ef 4.12-13 e Atos 18.24-25).
Depois de revelar o título concedido à pessoa que possui este dom, o apóstolo Paulo adverte aos portadores: "Se é ensinar, haja dedicação ao ensino", Rm 12.7b.
Sob este mesmo prisma, a CPAD sabiamente escolheu esta ordem como slogan da revista Ensinador Cristão, que surgiu para sedimentar e auxiliar o trabalho de todos que se dedicam ao ensino.

Dedicação é a palavra que denota a célula mater desse dom. Na execução da atividade educativa, excluir esta palavra, é negligenciar a vocação. Não podemos esquecer que inerentes ao privilégio de ensinar, encontram-se as responsabilidades cabíveis ao encargo.
Na segunda epístola do apóstolo Pedro no capítulo 3 versículos 15 e 16, ele já falava sobre "pontos difíceis de entender", referindo-se às epístolas do apóstolo Paulo. E nesses pontos que se encontra a incumbência do ensinador, é seu compromisso aclarar esses textos e trazer a lume seu verdadeiro sentido.

Logicamente que para isso, ele terá que buscar ajuda divina através da oração e também nos recursos literários que obrigatoriamente deva possuir.

Não raras vezes, professores despreparados vão para adiante de uma classe de ED lecionar. Quando isto ocorre, duas coisas podemos diagnosticar:
A pessoa não possui aptidão para ensinar.

Está exercendo relaxadamente aquilo que com tanto amor o Senhor lhe confiou.
O primeiro caso, resolve-se com a transição da pessoa para a sua área de melhor desempenho; o segundo com a dedicação ordenada pelo apóstolo Paulo e com a lembrança de Tiago 3.1.

Os comentaristas de nossas Lições Bíblicas, oram, jejuam, consagram-se e escrevem o mais esclarecido possível, para transmitirem as verdades à Igreja, pelo espaço limitado sintetizam o assunto em pauta, compilam um pequeno glossário e alguns subsídios para ajudarem o professor. É evidente que os alunos sempre esperam mais do tema em estudo. Sendo conhecedor dessa verdade, o comentarista descansa, considerando que o ensinador irá buscar alguns recursos extras para enriquecer o conteúdo da lição. Entretanto, grande é a decepção, pois ao iniciar aula, a classe percebe que o professor está lendo a lição pela segunda vez, e que a partir desse instante ele irá parafraseá-la lendo-a pela terceira e última vez e depois que acabar, despedirá a todos sem o menor ressentimento.

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O professor deve ter em mente que não está ali apenas para ler a lição e sim para esclarecê-la, haja vista a diferença de graus escolares em classes diversificadas como as da ED.

Um dos erros cruciais que o professor comete quando não esclarece a lição é subestimar o conhecimento dos alunos, pois ao pronunciar palavras difíceis e incomuns, os menos alfabetizados se sentem constrangidos e interiorizados. É bíblico contextualizarmos a mensagem conforme as possibilidades intelectuais de cada um. Com o auxílio do glossário da lição do mestre e de um bom dicionário da língua portuguesa, o ensinador poderá ampliar os conhecimentos de seus alunos.
É de primordial importância conhecer a linguagem do grupo para o qual se está lecionando e usá-la para alcançá-lo. Seja ela erudita ou popular.

Dentro de sua filosofia educacional, o ensinador deve adotar vários recursos de ensino, um deles é o incentivo. Ao invés de deixar seus alunos ociosos durante toda a semana, estimule-os a estudarem não somente a leitura diária, mas toda a lição. Estando todos familiarizados com o assunto, com certeza a aula será melhor aproveitada a participativa. Algumas vezes, vemos aulas serem interrompidas e mutiladas por conversas alheias ao tema da lição. Quando parte do aluno, é falta de amadurecimento e harmonia com a aula. Quando vem do professor, é preciso substituí-lo rapidamente!

Um outro acontecimento é o descaso com que é tratada a ED. Algumas igrejas mantêm a ED estagnada em seus templos. Os líderes não incentivam a membresia a participar, os professores são desatualizados e não conhecem nada sobre pedagogia. Deixam funcionar a escola apenas no nome, simplesmente porque ela existe há mais de dois séculos, e uma igreja que não a possui seria incompleta.

Esse desleixo é um paradoxo se comparado ao exemplo do nosso Mestre. Um terço de seu ministério terreno foi dedicado ao Ensino (Mt 4.23). Jesus deu e dá importância às Escrituras Sagradas, "porque as verdades nela contidas, são verdades redentoras e não acadêmicas, são questões que envolvem a vida ou a morte, e que exigem uma resposta e decisão pessoal, tanto do ensinador quanto do aluno".

Seja mais assíduo e leitor da Bíblia! Ore mais! Estude e amplie seus conhecimentos para que, a cada domingo, a qualidade de suas aulas possa ser melhores e a frequência com isso venha aumentar. Faça com amor a obra de Deus, pois através de seu dom, o Senhor está "querendo o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para a edificação do Corpo de Cristo. Até que todos cheguemos à unidade da fé e, ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo vento de doutrina, pelo engano dos homens que, com astúcia, enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo para sua edificação em amor", Ef 4.11-16.

Artigo: Pr. César Moisés | Fonte: Ensinador Cristão, Ano: 1 N° 4

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